CRÍTICA | CASA GUCCI

01 Indicação ao Oscar: Melhor MAQUIAGEM E CABELO

Gucci é uma marca mundialmente conhecida no mundo da moda, de origem italiana, criada por Guccio Gucci, em 1921, e que é palco de muitas confusões e intrigas. A maior delas é o assassinato de Maurizio Gucci, em 1995, a mando de sua ex-esposa, Patrizia Reggiani. Muitos compram dessa marca, e inúmeras outras, mas não conhecemos sua origem, história e segredos, até que Ridley Scott decidiu contar um pouco sobre a jornada da família Gucci, desde a ascensão da marca, focando no relacionamento do casal Maurizio (Adam Driver) e Patrizia (Lady Gaga), passando pelos segredos da família, até o famoso crime de assassinato. A trama é baseada na obra Casa Gucci: Uma História de Glamour, Cobiça, Loucura e Morte, de Sara Forden, e ainda tem no elenco Jared Leto, Al Pacino, Jeremy Irons, e Salma Hayek.

Ridley Scott nos apresenta a história da marca Gucci, cercada por corrupção, traição, conflitos e poder, mostrando como os membros da família são, ambiciosos e vingativos. O roteiro não se aprofunda nas questões que são apresentadas, e acaba tendo uma abordagem mais rasa, simples, como se quisesse mostrar tudo, mas rapidamente. Muita coisa poderia ser cortada, e as 2h37 minutos de duração poderia ser bem menos, e aí que a trama peca, com muita informação e acontecimentos. Mas os roteiristas conseguiram criar uma história interessante, onde conhecemos mais sobre a marca, sobre os membros da família, e como funciona o mundo da moda, a administração e os negócios. Casas chiques, roupas estilosas, viagens exuberantes, ostentação e glamour, coisas que nós, meros mortais, não conhecemos direito. E o roteiro não deixa de fazer uma sátira desse mundo, com personagens caricatos, e alguns dramas quase que cômicos, mostrando uma dinâmica familiar bem divertida; e claro, tudo culminando no assassinato de Maurizio Gucci.

Seria outro crime não dizer que Lady Gaga, e sua Patrizia, é a alma de a Casa Gucci. Gaga mostrou que é uma excelente atriz no filme Nasce Uma Estrela, além da série American Horror Story Hotel, e prova, mais uma vez, que consegue se destacar no cinema. A atriz, e cantora, compositora, e por aí vai, consegue mostrar uma Patrizia explosiva e ambiciosa, imitando perfeitamente os trejeitos e sotaques da personagem, além da capacidade de nos fazer ter empatia e entender os motivos que a “sinora Gucci” teve para matar o marido. Seu par romântico, Adam Driver, que interpreta Maurizio, meio que se perde no personagem, mostrando um membro da família Gucci contido e caricato. Mas ele funciona muito bem com a personagem de Gaga, onde apresentam uma incrível sintonia, combinando em todos os sentidos, como se completassem um ao outro.

Outra dupla que se destaca é Aldo e Paolo, pai e filho, interpretados por Al Pacino e Jared Leto (irreconhecível no personagem), respectivamente. Eles são meio que o alivio cômico da produção, principalmente Paolo, criando personagens extremamente caricatos e divertidos. Aliás, Jared Leto foi alvo de polêmica, não por culpa dele, mas pela personalidade criada para o personagem, imaturo, ignorado pela família, e sem futuro no mundo da moda, que foi duramente criticado pela verdadeira família Gucci. Se destacam ainda Jeremy Irons, que interpreta o pai de Maurizio, Rodolfo Gucci, bem disfarçado na maquiagem também, e Salma Hayek, interpretando uma vidente que se alia a Gaga para que ela consiga se dar bem na vida.

Talvez, faltou mostrar um pouco mais sobre o mundo da moda em si, os desfiles e tudo mais, e não focar tanto nos negócios, ainda que tenham os desfiles e que a produção mostre a confecção dos produtos da Gucci, mas é muito por cima. No fim, Ridley Scott consegue contar bem a conturbada trajetória da marca, palco de muitos crimes e conflitos, ainda que muito superficialmente, onde Gaga é o grande destaque da produção, segurando as pontas do inicio ao fim. Casa Gucci é um drama familiar contido, sem os exageros esperados, e as situações marcantes; na verdade, elas estão lá, só faltou mais ousadia. Mas é um filme muito interessante, e está longe de ser ruim. No mínimo, você vai conhecer mais sobre uma das marcas mais famosas do mundo. E para a surpresa de todos, Lady Gaga foi esnobada do Oscar, apesar de ter sido indicada ao Globo de Ouro, mas foi esquecida pelo maior prêmio do cinema, assim como Ridley Scott, os atores coadjuvantes (Jared Leto, Al Pacino e Jeremy Irons), e o próprio filme, na principal categoria da premiação. Será que as expectativas estavam altas demais, e o filme não foi tudo isso?