CRÍTICA | CARANGUEJO NEGRO

Início desse ano, um grande conflito entre a Rússia e Ucrânia deu início, com ataques iminentes no país ucraniano. Pouco depois, inicio de março, curiosamente, estreou na Netflix a produção sueca Caranguejo Negro, ambientado no meio de uma guerra, mas que não é o foco do diretor Adam Berg, e sim, em uma missão ultrassecreta do exército para tentar acabar com esse conflito. Baseado no livro do autor sueco Jerker Virdborg, a produção pós apocalíptica tem no elenco Noomi Rapace, Jacob Oftebro, Dar Salim e Ardalan Esmaili.

Na trama, acompanhamos uma equipe do exército chamada Caranguejo Negro, liderada por Caroline Edh (Noomi Rapace), que precisa patinar em um mar congelado até uma outra cidade, levando uma carga misteriosa capaz de dar um fim na atual guerra.

O enredo foca na missão suicida do grupo, como diz a personagem de Rapace, e somente isso; há uma guerra, mas não sabemos os motivos, e qual lado é o certo, ou o errado, e a produção não se preocupa em diferenciar isso; os quinze minutos iniciais mostram um pouco desse conflito, o suficiente para situar o espectador na história. Durante a missão, a equipe enfrenta vários problemas, como o gelo, e os inimigos perseguindo-os, e aí, seguem-se as situações clichês do gênero: tiroteios, perseguições de helicópteros, mortes gráficas, e as desconfianças entre a equipe, as discussões, e possíveis traidores (não necessariamente que esses clichês sejam ruins). O diretor Adam Berg ainda nos mostra o lado cruel, e o lado humano, das pessoas, e as reais intenções dos personagens, aumentando a tensão nas cenas; outro elemento básico. Destaque para a fotografia, com os cenários gélidos, principalmente nas cenas à noite, além do diretor usar de forma inteligente o plano aberto, mostrando toda a região, somando para o clima de suspense, além de uma marcante trilha de suspense.

Os atores estão bem nos seus papeis, convencem nas suas atuações, mas típicas de filmes de guerra, onde cada um tem alguma motivação para embarcar na missão. O destaque é Noomi Rapace e sua Caroline Edh, fazendo uma protagonista determinada, em uma intensa atuação, que busca encontrar sua filha perdida, e vê a chance encontra-la ao participar da missão; ela é a única que tem sua história mais desenvolvida, possibilitando que o espectador crie alguma empatia. Nylund (Jacob Oftebro), também tem relevância na trama, fazendo um personagem bastante suspeito de ser um traidor.

Caranguejo Negro consegue envolver o espectador, mas não o suficiente para que embarquemos nessa missão suicida, mesmo com as boas, e bem produzidas, sequencias de ação, situações tensas, e o suspense continuo. O ato final é completamente diferente do resto da produção, mas é uma das partes mais interessantes, que conta com um desfecho que fica em aberto a interpretações. Mostrando, ainda que não intensamente, do que o ser humano é capaz de fazer, seja em relação à guerra, ou na missão do grupo, a produção é um dos grandes destaques do catálogo da Netflix, e vale a pena assistir.