CRÍTICA | BUMBLEBEE

Atualizado: 3 de nov. de 2021

A megalomaníaca franquia Transformers chegou já no seu quinto filme, com O Último Cavaleiro, mostrando óbvios sinais de cansaço, provando que a série deveria terminar de uma vez. Os Autobots são os personagens mais divertidos da franquia, de diversos temperamentos, onde todos torciam por eles. Mas desde o primeiro Transformers, com Shia LaBeouf, um deles mais se destacou, conquistando carisma com seu jeito fofo e atrapalhado, Bumblebee, o Autobot que se transformava em um Camaro Amarelo. Já estava na hora de Michael Bay e companhia começarem a fazer derivados da franquia, para ao menos, resgatar o folego dos filmes, e quem seria melhor para isso do que o Autobot mais famoso da franquia (muita gente deve achar que Optimus Prime é mais legal, mas eu discordo), para dar início? Com o enredo se passando na década de 80, Bumblebee traz uma nostalgia para o público, seja pela cultura e ambientação da época, ou pela similaridade com o primeiro filme da franquia. Dessa vez, Michael Bay não dirige (ufa!), ficando a cargo de Travis Knight, e estão no elenco Hailee Steinfield, Jorge Lendeborg Jr., John Cena, Pamela Adlon e John Ortiz.

No planeta natal dos Autobots, Cyberton, uma guerra está acontecendo, e os poucos robôs da resistência que restaram, foram mandados para diversos lugares do universo, na espera de Optimus Prime. B-127, o Bumblebee, foi mandado para a Terra, onde acaba conhecendo Charlie Watson (Hailee Steifield), e juntos, eles têm que salvar o planeta Terra de uma invasão dos Decepticons, que vieram atrás do Autobot.

Sem as grandiosas, e confusas, batalhas, sem a mitologia envolvendo dinossauros, lua e reis antigos, Bumblebee é o filme da franquia que Transformers deveria ter feito há muito tempo. É leve, divertido, com uma história simples e direta, e um conflito familiar sem exageros, que ainda nos faz lembrar nos bons tempos da franquia, quando Bumblebee conheceu Sam Witwicky (Shia LaBeouf), lá no primeiro Transformers. A representação da década de 80 é um dos pontos altíssimos da produção, desde o figurino e ambientação, até as trilhas sonoras clássicas da época, como Duran Duran, The Smits, Tears For Fears, e até as divertidas referências ao clássico Clube dos Cinco; incluindo, claro, a famosa canção.

A narrativa tem, basicamente, dois pontos distintos: a batalha entre os Autobots contra os Decepticons, além da relação entre Bumblebee e a personagem de Hailee Steinfield. Para a sorte de todos, o foco maior é na relação dos dois personagens, criando cenas hilárias e emotivas, garantindo a empatia do público. As típicas e grandiosas cenas de ação da franquia Transformers estão presentes, mas em uma escala muito menor, e bem mais fácil de se entender, sem grandes destruições, exageros, e muito menos as inúmeras sequencias presentes em A Era da Extinção, de 2015.

Hailee Steifield brilha como a jovem Charlie Watson, uma garota com um forte drama pessoal, que sonha em ter seu primeiro carro. Sua relação com seu novo amigo, Bumblebee, é a coisa mais fofa e divertida que você verá, que acaba lembrando a que o Autobot teve com Sam Witick. Jorge Lendeborg Jr. é o fofo e querido Memo, formando um discreto par romântico com Charlie, que acaba entrando nas aventuras dos protagonistas, com o seu timing cômico, literalmente, atrasado e engraçado. A família de Charlie também rende boas cenas, a maioria mais dramáticas, incluindo uma perseguição divertida. E por fim, temos o antagonista da história, o personagem que dá raiva pelas suas atitudes, o agente Burns, interpretado por John Cena. Aqui, os robôs ganham uma nova roupagem, da clássica série de TV, ainda mais por que o enredo se passa nos anos 80, época que os brinquedos foram criados.

Com uma narrativa mais simples, mas elaborada, o spin-off Bumblebee é um filme bem dinâmico, divertido, com ótimas referências aos anos 80, focando mais na relação dos protagonistas, do que nas épicas, e destrutivas, batalhas entre os robôs. Um ótimo recomeço para a franquia. Espere alguns segundos para assistir uma cena no meio dos créditos. Porém, fica uma dúvida: a história se passa vinte anos antes do primeiro Transformers, e parece que é a primeira vez que Bumblebee vem à Terra. Porém, como foi mostrado em O Último Cavaleiro, o Autobot havia lutado na Segunda Guerra Mundial. Muitos dizem que é um reboot, mas pela narrativa, o filme está na mesma linha de tempo da franquia. E agora? Será que teremos uma resposta no próximo filme?