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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | BORAT 2: FITA DE CINEMA SEGUINTE



Em 2006, o comediante e ator britânico Sacha Baron Cohen nos trouxe o segundo melhor repórter do Cazaquistão para os cinemas, mostrando o personagem fictício Borat, interpretado por Cohen, em uma viagem aos EUA passando pelas mais absurdas e vergonhosas situações vistas, de propósito. Visivelmente uma critica social ao estado americano naquela época, o filme foi um enorme sucesso e consagrou o personagem como um dos mais marcantes do cinema. Quase quinze anos depois, esse icônico personagem retorna para passar mais vergonha, mas agora, em um ano extremamente conturbado, com o avanço da pandemia do Corona Vírus, e as eleições presidenciais americanas. Com um titulo original extenso demais e confuso, e traduzido apenas como Borat 2 – Fita de Cinema Seguinte, continua polêmico e absurdo, e não poderia ter estreado em melhor época. O filme, que é dirigido por Jason Woliner, e está indicado a dois Oscar desse ano: Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante para Maria Bakalova.


Borat (Sacha Baron Cohen) está preso no seu país de origem, Cazaquistão, e é odiado por todos. Para se redimir, ele recebe a missão de retornar para a América e fazer o seu presidente se aproximar de Donald Trump. Mas tudo dá errado quando sua filha, Tutar (Maria Bakalova) se esconde e acaba junto na viagem.


Gravado desde o início da pandemia do Corona Vírus, Borat 2 consegue ser ainda mais absurdo e sarcástico. Diferente do primeiro filme, aqui a vergonha se dá mais nas conversas do que nas situações em si, e o roteiro, muito bem planejado, toca nas principais feridas dos norte-americanos, e os joga na cara de todos: aborda assuntos polêmicos como o aborto, abuso sexual, “fake News”, a supremacia branca, racismo, e o atual cenário politico dos EUA, atacando e mostrando a verdadeira face da extrema-direita. Tanto os políticos, quanto a própria população negacionista e os conservadores, são os alvos de Borat.



Os filmes dos personagens são uma crítica a sociedade atual, um falso documentário que passa os limites do absurdo, com piadas ácidas e irônicas, sem sentir vergonha alguma. O espectador ri fácil das situações, e sente a vergonha alheia que os personagens não sentem, ou fingem não sentir, o que deixa a produção longe de ser chata, pelo contrário; é um humor diferenciado e que muita gente não está acostumada a assistir. E é difícil saber se as pessoas que aparecem são atores, ou se são realmente cidadãos americanos, mas acredito que a maioria são mesmo pessoas comuns.


Sacha Baron Cohen é a alma de Borat, e é assim desde o primeiro filme, e na sua segunda viagem à América, continua mais carismático e venenoso do que nunca. Só que agora, ele tem páreo forte com a atriz Maria Bakalova, que interpreta a filha do personagem. Indicada ao Oscar, a sua personagem, Tutar, que depois é chamada de Sandra Jéssica Parker, rouba a cena em todos os momentos, mostrando brilhantemente a evolução da personagem, e ela passa por vários constrangimentos, tanto quanto o personagem de Cohen. A parceria da dupla é impecável, e são a melhor coisa em cena.


Se ainda não bastasse, há uma curiosa e brilhante reviravolta no final da trama, algo que realmente não passa pela nossa cabeça em momento algum, mas que do nada, acontece. A segunda viagem de Borat para os EUA não poderia ser diferente: vergonhosa (no melhor sentido), absurda, com criticas a conduta americana a todo o momento, piadas ácidas e muito humor. O espectador irá sentir toda a vergonha que os personagens não sentem, seja nas situações absurdas ou nos diálogos repletos de ironias e sarcasmo. Não é um tipo de filme a grande maioria está acostumada a assistir, e muitos vão repugnar uma produção assim, mas vale a pena assistir, pelo menos, uma vez.





BORAT 2: FITA DE CINEMA SEGUINTE (BORAT: SUBSEQUENT MOVIE FILM)


Ano: 2020

Direção: Jason Woliner

Elenco: Sacha Baron Cohen e Maria Bakalova



NOTA: 8,0







Disponível na AMAZON PRIME









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