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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | BEN-HUR (2016)


A história de Ben-Hur teve início há dois séculos atrás, com o lançamento da obra “Ben-Hur: A Tale of the Christ”, escrito por Lew Wallace, em 1880. Desde então, várias adaptações para o teatro e cinema surgiram: o primeiro filme foi lançado em 1925, no cinema mudo, e é o mais fiel à obra de Wallace; o segundo, mais famoso, lançado em 1959, estrelado por Charlton Heston e Stephen Boyd, se tornou uma das produções mais caras de Hollywood, levando 11 Oscar para casa. Ainda tem uma animação, de 2003, e uma minissérie, lançada em 2010. Agora, da mesma forma como aconteceu com outros clássicos, como Noé, estreia esse mediano Ben-Hur, que mantém a história original, mas faz várias alterações; algumas boas. No elenco estão Jack Huston, Morgan Freeman, Toby Kebbell, Pilou Asbæk e Rodrigo Santoro.


Judah Ben-Hur (Jack Huston) e Messala (Toby Keppel), são dois irmãos, o segundo é adotado, que vivem em Jerusalém. Por conta de suas diferenças, Messala abandona a sua família e junta ao exército romano. Anos depois, ele retorna a Jerusalém, avisando que Pôncio Pilatos (Pilou Asbæk) está chegando à cidade, e pede que os ânimos se acalmem. Mas, após uma tentativa de assassinato ao futuro rei de Roma, Ben-Hur é acusado injustamente, e acaba virando escravo. Anos se passam, e ele conhece Sheik Ilderim (Morgan Freeman), que o treina para correr nas famosas Corrida de Bigas, para então, se vingar de Messala por tudo que ele fez.


Essa versão de Ben-Hur, do diretor Timur Bekmambetov, peca em alguns quesitos, o que não torna seu filme se tornar um grande “épico do cinema”. A trajetória do personagem principal é enorme, tanto é que o filme de 1959 tem quase quatro horas de duração, o que deixa a versão de 2016 muito condensada, como se fosse um resumo da história. Com isso, o enredo fica pouco desenvolvido, tudo acontece muito rápido, ainda que tenha bons momentos e um ritmo dinâmico. Mas acontece que a história de Ben-Hur é muito interessante, e acho que a maioria não ia se importar se o filme tivesse, pelo menos, quase três horas de duração. As cenas de ação, apesar de serem mais curtas e diretas, não impressionam tanto, e parecem confusas algumas vezes. Porém, o ponto alto do filme, a corrida de bigas, que claro, não chega aos pés da histórica megaprodução do filme de 1959, são muito bem produzidas também, contando com ótimos efeitos especiais e muita ação.



Por causa desse “resumo” da história de Ben-Hur, alguns personagens ficaram mal desenvolvidos. Jack Huston não tem uma atuação marcante, e está longe de ser o clássico personagem, assim como foi Charlton Heston. Tobby Keppel, que interpreta Messala, se sai melhor, e consegue expressar a inveja e raiva que o personagem sente. O veterano Morgan Freeman, que sempre sai bem em seus papeis, e aqui não é diferente, faz Sheik Ilderim, que acolhe Ben-Hur e o treina para a famosa corrida de Bigas. Destaque para o brasileiro Rodrigo Santoro, que faz um ótimo Jesus Cristo, que participa das cenas mais emocionantes do filme. Na versão de 2016, o personagem ganha mais destaque do que a produção de 1959, ganhando pontos, já que mostra que a relação entre Ben-Hur e Jesus Cristo era bem maior.


Diferente de como termina o clássico de Charlton Heston, a versão de 2016 aborda a tolerância e o perdão, que fazem mais sentido para a história dos dois irmãos; talvez por isso, Jesus Cristo teve um papel mais importante na relação com Ben-Hur. No fim, o filme de Timur Bekmambetov não é marcante, grandioso e épico, e com certeza não deverá ser lembrado anos depois, mas tem o seu próprio charme, já que não se trata de uma refilmagem, e sim, uma releitura da clássica obra de Lew Wallace. Vale a pena conferir o clássico de 1959, e fazer uma comparação com esse de 2016; mas ainda, fico com o primeiro.






BEN-HUR


Ano: 2016

Direção: Timur Bekmambetov

Elenco: Jack Huston, Morgan Freeman, Toby Kebbell, Pilou Asbæk e Rodrigo Santoro



NOTA: 7,0















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