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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | BATMAN (2022)



Batman é um dos personagens mais icônicos da cultura pop, um herói que não tem superpoderes, usando apenas força e suas máquinas engenhosas para enfrentar criminosos. Já tivemos dezenas de adaptações das HQ’s do homem morcego, entre séries, animações e filmes (TV e cinema), desde os anos 40, com mais de dez atores interpretando-o. Michael Keaton, Val Kilmer, George Clooney, Christian Bale, Ben Affleck, foram os últimos atores a dar vida ao personagem, cada um com uma característica que o definia em seus filmes. De todos esses, tivemos dois grandes destaques: os dois primeiros com Keaton, e a trilogia de Christopher Nolan, O Cavaleiro das Trevas, os preferidos pelo grande público, e dos críticos também.


Mas nenhum desses acabou fazendo parte do DCU, ficando a cargo de Ben Affleck introduzir o personagem no universo cinematográfico da DC, em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, produção de Zack Snyder, bastante criticada, e que foi um divisor de opiniões. O ator continuou interpretando o herói em A Liga da Justiça, que também não deu muito certo comercialmente, e juntando com outros problemas, tanto na produção, quanto no pessoal, Affleck desistiu de interpretar Batman, onde sua última participação será no filme do “The Flash”, com previsão de estreia somente para 2023.


Chegamos então no filme em questão, “The Batman”, nova retomada da história do homem morcego, com a escalação de Robert Pattinson como o herói. Ben Affleck havia sido convidado para dirigir o novo filme, porém, acabou desistindo, fazendo com que a DC escalasse o diretor Matt Reeves no seu lugar. As ideias do estúdio eram diferentes da forma como Reeves queria: sua intenção era se desligar do universo criado por Zack Snyder, e fazer um filme totalmente diferente; e nesse roteiro proposto a ele, o filme seria mais de ação. Martelo batido, a Warner e a DC decidiram dar total liberdade a Reeves em criar uma nova história da forma como ele queria, que no fim, deu certo: a produção é considerada uma das melhores adaptações do homem morcego, e um dos melhores filmes da DC, aclamado pela crítica e pelo público. Apostando em um Batman mais jovem, e uma história de investigação, a produção tem no elenco Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano, Colin Farrell, Andy Serkis, Barry Keoghan, Jeffrey Wright e Peter Sarsgaard.



O filme de Matt Reeves é baseado em três HQ’s do herói, “Ano Um”, “O Longo Dia das Bruxas”, e “Ego”, onde acompanhamos Bruce Wayne/ Batman tentando se descobrir como um verdadeiro herói, ao mesmo que tem que investigar os assassinatos cometidos pelo Charada (Paul Dano), com a ajuda do comissário de policia Jim Gordon (Jeffrey Wright). “The Batman” tem uma trama bastante densa, muito bem elaborada e desenvolvida, focando no clima investigativo, um suspense “noir” (expressão francesa para filmes com ambientação urbana, temática criminal, anti-heróis, geralmente em preto e branco), como todos estão chamando, um filme de serial killer, mas mantendo todos os elementos do universo dos gibis do homem morcego. A cada crime do Charada, Reeves vai estabelecendo o herói na trama, fazendo-o crescer e adquirir experiência, e acaba se tornando quase que um detetive. Mas não se engane, há tempo suficiente para perseguições eletrizantes com o Batmovel, e muita luta corporal. Pontos para a fotografia e a direção de arte, que conseguem captar toda a ambientação de Gothan City dos primeiros filmes do Batman, lá nos anos 80, daquele submundo do crime dominando a cidade no meio do caos, mais hostil e sombrio, com tons mais escuros, diferente da trilogia do Cavaleiro das Trevas; é realmente um filme do universo do Batman.


Para fins de comparação, o Batman de Christopher Nolan parecia ser mais realista, e a trama era mais “pé no chão”, e o de Zack Snyder, o herói era visto com um Deus, imbatível, e a trama mais fantasiosa, pela presença dos outros personagens da DC, e porque estava inserido no universo cinematográfico do estúdio. Já a versão de Reeves é diretamente ligada às HQ’s, não que os outros não sejam, mas por ser um filme solo do herói, e toda a ambientação, é possível conecta-lo melhor. É quase que um filme dos anos 80 e 90, mas com a tecnologia atual.


O Batman de Robert Pattinson é o mais diferente de todos os que já foram adaptados, mais jovem, imaturo em alguns sentidos, ele está a recém iniciando sua jornada como o justiceiro, ainda que já seja reconhecido pela maioria dos criminosos da cidade, e está descobrindo seu papel como o herói da cidade. Reeves optou por não contar a história da perda dos pais de Bruce, um grande acerto, da mesma forma como a Marvel não mostrou a morte do tio Ben, na versão do Homem Aranha com Tom Holland; mas o assunto ainda é mencionado, e importante também. Contrariando todo mundo, Pattinson foi a escolha perfeita para viver o herói nessa idade, e faz um Batman bastante expressivo, sombrio, inexperiente, e vingativo, mas sempre com o seu lado humano em evidência, buscando por justiça, e o roteiro explora todas essas complexidades do personagem à medida que ele vai desvendando os mistérios que envolvem os crimes do Charada. Em seu filme, Reeves dá ênfase mais no “herói Batman”, do que em Bruce Wayne, especificamente.



Zoë Kravitz é a mulher-gato, parceira de Batman na investigação, e não é apenas “a mulher-gato”, solta na trama: a personagem tem um drama, uma história a ser contada, relacionada ao submundo de Gothan City, tão importante quanto o herói, e sua química com Pattinson é incrível, trazendo todo um mistério para a personagem. Paul Dano é o vilão da vez, Charada, e ainda que não tenha tanta expressividade quanto o Coringa de Heath Ledger, por exemplo, entrega uma caricata e poderosa interpretação do antagonista, com muitos trejeitos e loucuras, se destacando entre os outros vilões, que aparecem muito mais. E o interessante é que outros criminosos dão as caras, como o Pinguim, interpretado por Colin Farrel, irreconhecível no personagem graças a excelente maquiagem (sinto cheiro de indicação ao Oscar em 2023), e John Turturro, em uma ótima interpretação do mafioso Carmine Falcone, quase que um Don Corleoni da trilogia O Poderoso Chefão, exatamente como ele é nos quadrinhos. Completando os coadjuvantes, temos o mordomo de Bruce Wayne, interpretado por Andy Serkis, menos emotivo do que o Alfred de Michel Kane, mas ainda carismático e sempre presente na vida do seu patrão, e Jeffrey Wright, interpretando o tenente James Gordan, que ajuda Batman na investigação dos crimes, carismático e com ótima sintonia com Pattinson. Gordan vai ganhar um spin-off na DC.


O Batman de Matt Reeves tem recebido praticamente críticas positivas, porém, a maioria entrou em um consenso que o ato final deixou a desejar. Talvez, tenha faltado algo que impressionasse o público, um acontecimento mais expressivo, algo impactante ao nível de O Cavaleiro das Trevas Ressurge, mas está de acordo com o ritmo do filme, algo mais calmo e contido. Porém, não é um desfecho ruim, pelo contrário, é bastante elaborado, empolgante, e tem ótimos embates com o Batman, só não é “aquele final”.



Focando mais em um thriller investigativo, mas sempre mantendo os elementos do universo do herói, Batman já é um dos melhores filmes do ano, e um trunfo da DC, fugindo da temática dos filmes de super-heróis, com efeitos especiais e cenas grandiosas de ação. Não tem uma reviravolta significativa, mas isso não tem nenhuma importância, mostrando que um bom filme não precisa ser assim, basta criar um enredo interessante, um ótimo clima de investigação, bons personagens, e sem nenhuma ligação com outros filmes para prender o público. São três horas que passam rapidamente, e apesar de ter um ritmo mais calmo, e sem muita ação, empolga bastante. Gothan City está muito bem representada, sombria e tomada pelo crime, com destaque para a direção e arte e fotografia, outras possíveis indicações ao Oscar de 2023. É um filme do Batman diferente do que estamos acostumados. O ponta pé inicial desse novo universo do herói, é bastante promissor; e que venham mais filmes com Robert Pattinson e Matt Reeves.



BATMAN (THE BATMAN)


Ano: 2022

Direção: Matt Reeves

Elenco: Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano, Colin Farrell, Andy Serkis, Barry Keoghan, Jeffrey Wright e Peter Sarsgaard



NOTA: 9,5















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