Você já deve ter ouvido falar na frase “In Nolan We Trust”, traduzindo, “Em Nolan nós confiamos”. De fato, isso é verdade; dificilmente algum filme do diretor Christopher Nolan decepciona, e com certeza você deve gostar de, pelo menos, um filme dele: ganhou fama com Amnésia, de 2000, O Grande Truque, de 2006, e em 2010, sua maior e mais complexa obra, até então, A Origem. Antes do filme de 2010, Nolan iniciou uma nova trilogia, considerada a melhor, do famoso Homem-Morcego, com Batman Begins, em 2006. O filme ainda não fez aquele barulho no cinema, mas foi muito elogiado pela crítica, o suficiente para dar o segundo passo, e maior: Batman O Cavaleiro das Trevas, de 2008. Nolan não tinha ideia do enorme sucesso que o filme ia fazer, ultrapassando U$ 1 bilhão de dólares, unanimidade na crítica especializada, e foi responsável por apresentar o considerado melhor Coringa do cinema, interpretado por Heath Ledger.
Mas ainda vinha mais: Nolan teria que fechar a trilogia que iniciou em 2006, e a pergunta que todos faziam: será que o capítulo final do homem-morcego superaria o anterior? Expectativas foram criadas, e, em 2012, Batman O Cavaleiro das Trevas Ressurge chegou aos cinemas para provar, mais uma vez, que “em Nolan, nós confiamos”. O elenco conta com um time de peso: Christian Bale, Anne Hathaway, Joseph-Gordon Lewit, Marion Cootlard, Tom Hardy, Gary Oldman, Michael Kane e Morgan Freeman.
Batman/Thomas Wayne (Bale) desapareceu após assumir a culpa pela morte de Harvey Dent, em O Cavaleiros das Trevas. O mercenário Bane (Hardy) aparece em Gothan, que tem a intenção de tornar a cidade em um caos total, e Batman se vê obrigado a voltar à ativa para derrota-lo. Mas ele não está sozinho: Batman conta com a ajuda da ladra profissional Selina Kyle (Hathaway), o órfão e agora policial, John Blake (Gordon Lewit), e a empresária altruísta Miranda Tate (Cootlard).
Comparar O Cavaleiro das Trevas Ressurge, com o filme anterior, é uma injustiça, já que são propostas bem diferentes; mas obvio que o filme de 2008 é superior em todos os sentidos. Mas o capítulo final é tão bom quanto. A forma como Cristopher Nolan, e seu irmão, vão criando a história e os planos de Bane, é majestosa. Tá certo que não tem aquela carga dramática do anterior, mas a tensão e o mistério envolvem o espectador, mostrando os ataques do vilão na cidade, e o ressurgimento, aos poucos, do Batman. E quando a gente pensa que Bane não podia fazer mais nada, lá vem ele com mais um de seus megalomaníacos planos. Ao mesmo tempo, somos apresentados a vários personagens, onde todos são cuidadosamente construídos, com os seus dramas explicados e plausíveis. E Nolan teve bastante tempo para explicar, nas suas quase três horas de duração, que pode parecer muito longo, mas o tempo passa despercebido. A todo momento o filme nos apresenta algo diferente, personagens novos, histórias novas, e talvez o único defeito seja a quantidade de personagens. E mesmo com uns defeitos aqui e outros ali, os roteiristas conseguem dar a volta por cima.
Tom Hardy teve a missão de fazer um vilão melhor que o de Heath Ledger, ou tão bom quanto, o que é totalmente injusto, já que são vilões bem distintos: o Coringa atacava mais pelo lado emocional, já Bane é megalomaníaco, que tem a intenção de causar a destruição em Gothan. Hardy cria um vilão bárbaro, com sua grande história e revelação, usando uma máscara, importante para sua sobrevivência, que passa uma sensação de superioridade e medo. Você teria coragem de enfrentar esse grandalhão? Anne Hathaway brilha como a ladra Selina Kyle, que mesmo sem dar o nome, claramente é a mulher-gato. A atriz consegue muito bem transmitir a duabilidade da personagem e toda a sua história, se saindo ótima nas cenas de ação. Outra surpresa é Joseph Gordon Lewit e seu policial John Blake, cujo passado é parecido com Thomas Wayne, e acaba criando um vínculo, ajudando na luta para impedir Bane, e que acaba selando o seu futuro.
Marion Cootilard é a empresária Miranda Tate, misteriosa e cheia de planos, que pode parecer não ter um papel importante na trama, mas tem uma reviravolta que poucos podiam imaginar. Gary Oldman é o comissário Gordon, presente em todos os filmes da trilogia, que aqui tem um papel mais simples, enfrentando os atos de seu passado. Temos ainda o magnifico Michael Cane, que brilha e encanta como o mordomo mais querido do cinema, que apesar de sua pouca participação, é responsável pelos momentos mais emocionantes no filme; e Morgan Freeman, o empresário Lucius Fox, que cuida dos negócios de Wayne, que tem pouco destaque na trama, infelizmente. E por fim, Christian Bale e seu grandioso Batman, mais humano do que no filme anterior, construindo um Bruce Wayne/ Batman marcante e capaz de cometer erros simples.
Os efeitos especiais estão ótimos, sem exageros e tem batalhas épicas e intrigantes, onde Nolan soube usar a câmera para mostrar Gothan City sucumbindo à destruição e o caos. Ele cria perfeitamente um ambiente de guerra, com ótimos ângulos, passando toda a emoção das cenas. Batman O Cavaleiro das Trevas Ressurge não supera o anterior, mas se iguala perfeitamente, com sua ambientação apocalíptica, um forte vilão com seus planos grandiosos repleto de destruição, uma história tensa e bem construída, levando a várias surpresas e revelações, fechando a trilogia de forma emocionante, esperançosa e intocável. Esplêndido! Se decidirem continuar com a história, que seja com Cristopher Nolan na direção, roteiro, produção... tudo na verdade. Porque em Nolan, a gente confia.
BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSSURGE (THE DARK KINIGHT RISES)
Ano: 2012
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Anne Hathaway, Joseph-Gordon Lewit, Marion Cootlard, Tom Hardy, Gary Oldman, Michael Kane e Morgan Freeman.
NOTA: 9,5
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