CRÍTICA | ATERRORIZANTE (TERRIFIER)

Um dos subgêneros mais queridos pelos fãs de cinema é o “slasher” – um serial killer que persegue e mata suas vítimas, e ainda tem uma protagonista que sobrevive aos ataques, a “final girl” -. Apesar das mortes banhadas a sangue e moderadamente violentas, o slasher é mais contido, sem exageros ou cenas grotescas. Mas existem também os chamados “filmes B” (ou trash), produções de baixo orçamento com efeitos práticos e duvidosos que acabam sendo mais engraçados do que assustadores. Em 2016, tivemos uma junção desses dois tipos de filmes, chamado “Terrifier”, que recebeu o nome de Aterrorizante aqui no Brasil, sobre um palhaço chamado Art que mata suas vítimas na noite de Halloween de forma brutal, violenta e sanguinária.

O palhaço Art apareceu pela primeira vez em dois curtas – “The 9th Circle”, em 2008, e em um curta também chamado de “Terrifier”, em 2011 -, para depois surgir em seu primeiro longa-metragem em 2016. “Aterrorizante” praticamente não tem uma história, não tem um desenvolvimento dos personagens, onde o foco é nas mortes sádicas e violentas. Na noite de Halloween, duas amigas, Tara (Jenna Kanell) e Dawn (Catherine Corcoran), acabam encontrando um homem fantasiado de palhaço. Porém, não é um palhaço qualquer, e ele começa a persegui-las em um prédio antigo.

“Terrifier” acabou se tornando uma trilogia, com o último filme lançado agora, em outubro de 2024, que promete ser o mais pesado e brutal de todos. O primeiro filme passou um pouco despercebido pelo grande público, mas já tinha chamado a atenção pelo seu conteúdo gráfico – mas nada comparado ao segundo filme -. Com apenas 1h24 minutos, "Aterrorizante" não se preocupa em trazer uma história desenvolvida, até porque o foco é chamar a atenção com a sua extrema violência gráfica. E isso deu certo. Desmembramentos, corpos mutilados, muito sangue e cenas de se contorcer na poltrona: o diretor Damien Leone não poupou o espectador de presenciar os mais diversos jeitos de mortes. Sem muitos spoilers, uma cena em questão é quando uma personagem é presa e colocada de cabeça para baixo, completamente nua. Então, evite comer nessa hora, ou durante o filme todo. "Aterrorizante" é um filme assumidamente trash, ou seja, é facilmente perceptível que o “corpo da vítima” é de borracha – mas Terrifier 2 é muito pior -. A maquiagem e os efeitos práticos são incríveis, mostrando que Damien Leone fez um ótimo trabalho nessa categoria: antes de ser diretor, Leone se destacou bastante na área de maquiagem, então ele sabe o que faz.

O desenvolvimento dos personagens é algo que Damien Leone - que também escreveu o roteiro - realmente não deu a mínima, e foi bastante criticado na época do lançamento. Mas também, não dá para se esperar muito de um filme trash chamado “Terrifier”. As atuações são péssimas – porém, engraçadas -, e a única melhorzinha é Tara (Jenna Kanell), que faz uma ótima “final girl”, mas que no fim acaba não se tornando uma. Aí no meio disso tudo, tem uma inesperada reviravolta, quando surge uma nova personagem. Mas é o palhaço “Art” que rouba todos os holofotes: ele é realmente aterrorizante com o seu visual sinistro, o seu jeito maluco, e caretas que variam de engraçadas para assustadoras e intimadoras, além da sua máscara sinistra. David Howard Thornton, que interpreta Art, cria um serial killer que dá medo – talvez porque sabemos do que ele é capaz -, que o faz entrar na lista dos melhores serial killers do cinema.

“Aterrorizante” não constrói bem o drama de seus personagens, o roteiro tem seus momentos chatos e não é nada desenvolvido – seja pela trama ou por algumas críticas sociais que acabam sendo ignoradas -, mas não é nenhum grande problema porque o foco é extrema violência, o gore, e a cenas trash que trazem um misto de emoções: você vai rir e se contorcer no sofá com as sequências de mortes criativas e pesadas. E ainda tem um plot twist bem legal no final. “Aterrorizante” não é um filme para se levar a sério, apenas entre no clima trash proposto e se divirta, se você tiver estomago forte. Mas o primeiro “Terrifier” ainda é bem fraquinho, diferente do segundo filme, que acaba sendo mais pesado e brutal.