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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | ARMADILHA



M. Night Shyamalan tem uma reputação com os seus filmes desde o lançamento de O Sexto Sentido, lá em 1999: um intrigante suspense repleto de tensão – com um toque de drama -, seguido de um “plot twist” revelador no final da trama. E a partir daí todos os lançamentos seguintes do diretor geravam grandes expectativas entre o público e crítica, levando multidões aos cinemas para se surpreenderem e levar uns sustos básicos. Sinais, A Vila (apesar de não ter gostado do final), A Visita, Fragmentado, além de O Sexto Sentido, claro, são os melhores filmes do diretor, na minha opinião. Mas faz um tempo que Shyamalan tem “perdido a mão” com seus filmes, apesar das tentativas de se reerguer com Tempo, Vidro e Batem À Porta.


A maioria dos seus filmes seguem para o lado do sobrenatural e do fantástico, mas o filme em questão, Armadilha (Trap), segue por um caminho bem diferente, mais real e “pé no chão”. Seguindo pela perspectiva do vilão – um serial killer apelidado de “o açougueiro”-, a trama de Armadilha acompanha Cooper Adams (Josh Hartnett), um pai que está levando sua filha, Riley (Ariel Donoghue), para um show da cantora fictícia Lady Raven (Saleka Shyamalan, filha do diretor). Cooper acaba descobrindo que o show é uma farsa, uma armadilha para capturar o tal serial killer, que na verdade é ele mesmo.


A estrutura narrativa de Armadilha é bem diferente dos outros filmes do diretor, e as típicas reviravoltas estão presentes, mas de uma forma diferente. A trama é bem simples, mas pratica, onde Shyamalan cria um jogo de gato e rato entre o serial killer (personagem de Josh Hartnett) e a polícia, intrigando o espectador em saber como Cooper vai escapar, e fazendo até a gente torcer para que ele consiga. Parcela disso se deve pelo carisma e a interpretação inspirada de Hartnett, criando um personagem de duas personalidades distintas: a de um pai de família, simpático, amoroso, dedicado, e a de um psicopata frio, calculista e capaz de tudo para escapar. O ator consegue dar veracidade ao personagem apenas com as expressões faciais, sorrisos, e olhos arregalados, valorizados pelos constantes enquadramentos em seu rosto, além de uma interpretação que as vezes beira ao teatral, rendendo elogios pelos críticos mundo afora, e com razão. Já a cantora Lady Raven, interpretada pela filha de M. Night Shyamalan, é um caso bem curioso. Saleka Shyamalan é uma artista em ascensão na vida real, e a produção claramente é um impulso para a jovem se destacar na mídia. E ainda há uma reviravolta interessante na sua personagem, quando ela ganha protagonismo na sequência final.



Armadilha acaba se tornando “dois filmes em um”, mudando totalmente de atmosfera na segunda metade, e isso é um ponto positivo. Toda a sequência no show de Lady Raven é bem conduzida, rende momentos divertidos, passa uma sensação de claustrofobia – pelo fato de Cooper não ter por onde escapar -, e o diretor explora bem os lugares do estádio, mas são poucos os momentos de tensão, e parece que Shyamalan não quis se arriscar muito, seguir por um caminho mais cruel, quem sabe um último assassinato (teve um que foi bem fraco). Já na segunda metade, o ritmo muda completamente, a tensão toma conta da trama, as reviravoltas entram em cena, e a atuação de Josh Hartnett chega no auge, quando as duas vidas do personagem entram em conflito (um pai de família e a de um psicopata), comprovando que o ator é o melhor acerto do filme.


Em Armadilha, o diretor M. Night Shyamalan foge da temática mais sobrenatural de seus filmes, entregando uma experiência bem diferente, como foi anunciado no material de divulgação, mas não é tudo isso. Ainda é melhor que algumas de suas outras bombas, como A Dama Na Água e Fim dos Tempos, é interessante esse ponto de vista a partir do assassino, a trama prende a atenção do público a todo instante, e de uma forma geral é um filme repleto de tensão e suspense – principalmente no ato final -, mas ainda não é “aquele filme” do mestre do suspense e das reviravoltas que todos conhecem. Armadilha é simples, ágil, e honesto na sua proposta em ser diferente, e Shyamalan entrega tudo isso. E não ache estranho se você chegar ao ponto de torcer para o personagem de Josh Hartnett não ser pego, isso se deve ao carisma e a soberba interpretação do ator.



ARMADILHA (TRAP)


Ano: 2024

Direção: M. Night Shyamalan

Distribuidora: Warner Bros. Pictures

Duração: 105 min

Elenco: Josh Hartnett, Saleka Shyamalan, Ariel Donoghue, Jonathan Landgdon



NOTA: 8,0


















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