top of page
Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | APARTAMENTO 7A



Em abril de 2024, tivemos o lançamento de uma das grandes surpresas do ano, A Primeira Profecia, um prelúdio que contava a história de origem de Damien, o garotinho que é a reencarnação do próprio demônio. Em 2023, foi a vez do maior clássico do terror – O Exorcista - ter sua história revisitada, com o esquecível O Exorcista: O Devoto, que serviu como uma continuação, e anos atrás, em 2019, foi a vez de O Iluminado ganhar uma sequência com o ótimo Doutor Sono. E claro, ainda tem a nova trilogia de outro clássico e referência do terror, Halloween.


Hollywood sempre apostou em revisitar filmes antigos – seja por dinheiro ou por apresentar os filmes para a nova geração -, e agora foi a vez de O Bebê de Rosemary, produção dirigida por Roman Polanski, e que causou um alvoroço lá no final dos anos 60. Chamado de Apartamento 7A, o filme estreou na plataforma de streaming da Paramount, e funciona como um preludio do clássico de Polanski, trazendo personagens do original, atuações fortes, e uma narrativa parecida. A trama nos leva de volta ao edifício Bramford, em NY, e ao invés de Rosemary (Mia Farrow), agora somos apresentados a jovem Terry Gionofrio (Julia Garner), uma dançarina de teatro que acaba torcendo o pé, fazendo com que se afaste dos palcos por algum tempo. Após várias tentativas de encontrar um novo trabalho, ela conhece um casal de idosos, Minnie Castavet (Dianne Weist) e Roman Castavet (Kevin McNally) – os mesmos personagens que acolheram Rosemary no original -, prometendo-lhe um recomeço para Terry. Mas aos poucos ela começa a desconfiar das atitudes deles e dos outros moradores do condomínio, e percebe que se envolveu em culto demoníaco.



Apartamento 7A é praticamente uma refilmagem de O Bebê de Rosemary, seguindo pelo mesmo caminho e acontecimentos, mas com o formato dos filmes de terror da atualidade. O filme de Polanski tinha uma proposta mais sugestiva, sem violência, sangue, ou sustos, apenas uma trama angustiante e envolvente que vai crescendo aos poucos. O que Erika James faz com o seu novo filme é bem ao contrário, algo mais visual: tem sangue e violência (mas nada de exageros), os sustos são maiores, tem mais aparições, e a personagem é mais durona do que Rosemary. A trama também é um pouco mais dinâmica, acontecem mais coisas, tem mais personagens coadjuvantes, e explora outros cenários, como o teatro onde Terry treina para a sua peça – mas isso acaba tirando todo clima claustrofóbico que o original tinha, e a sensação de desespero por tudo que Rosemary estava passando -. Mas Apartamento 7A acaba perdendo o brilho no decorrer da narrativa: por mais que a direção de Erika James seja competente, o filme acaba se sendo uma cópia de O Bebê de Rosemary, não tem muitas surpresas e acaba caindo em clichês do gênero.


Mas são as atuações inspiradas de Julia Garner e da vencedora do Oscar Dianne Weist o ponto alto de Apartamento 7A. O fio condutor da trama do original era Rosemary, e o casal de idosos, Minnie e Roman, interpretados por Mia Farrow, Ruth Gordon, e Kevin McNally, respectivamente, e pela trama se passar antes de O Bebê de Rosemary, alguns personagens retornaria para o novo filme – no caso, Minnie e Roman -. Dianne Weist faz uma Minnie mais contida, sem a atuação caricata e exagerada (no bom sentido) que Ruth criava para a personagem no filme original, mas a atriz convence com as várias nuances de Minnie, além de também ser estranha e mais ameaçadora ainda. E antes de Rosemary, tinha Terry (Julia Garner), que também se tornou alvo dos integrantes do culto para trazer o anticristo para a Terra. A atriz se entrega totalmente ao papel, que tem um drama pessoal mais complicado, e a personagem acaba sendo menos simpática – principalmente pelas suas convicções e motivações -, além de fazer uma Terry mais determinada, que se impõe, ao contrário de Rosemary, que acabava sendo mais submissa.  



E assim como o original, Apartamento 7A aborda temas sociais, como feminismo, o abuso do corpo da mulher, aborto, e tudo o que fazemos pela fama e sucesso, temas importantes e que ainda são atuais, mas que acaba perdendo um pouco o impacto porque já foi abordado no primeiro filme. O desfecho é interessante, bem conduzido e surpreendente, se conectando diretamente com os minutos iniciais de O Bebê de Rosemary; só fica a sensação de que tudo aconteceu rápido demais. No mais, Apartamento 7A acaba se tornando um filme irregular, uma releitura para os dias de hoje e que consegue manter – não tanto assim - a atmosfera claustrofóbica que o original tinha, mas que é quebrado em diversos momentos ao introduzir subtramas paralelas, além de ser mais visual do que sugestivo, o que tira toda a essência do original. É divertido, tem seus momentos de tensão e sustos, ótimas atuações do núcleo principal, mas não causa o mesmo impacto que o primeiro teve lá em 1968.




APARTAMENTO 7A


Ano: 2024

Direção: Erika James

Distribuidora: Paramount

Duração: 105 min

Elenco: Julia Garner, Dianne Weist, Kevin McNall, Jim Sturgerss, e Marli Siu.



NOTA: 7,0


Disponível na












65 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page