CRÍTICA | ANJOS DA LEI

Anjos da Lei foi uma série americana dos anos 80, onde um grupo de jovens policiais se infiltravam em colégios para resolver crimes, com a sede sendo em uma capela abandonada na rua Jump Street n° 21; por isso o nome, em inglês, “21 Jump Street”. A série era estrelada por Johnny Depp, que não estava muito feliz em estrelar, entrando até com um processo pedindo para sair; porém, foi com essa série que sua carreira alavancou. Quase trinta anos depois, Anjos da Lei voltou aos holofotes, agora em forma de um longa-metragem, estrelado por Channing Tatum e Jonah Hill, como os recém formados policiais com cara de jovens. O filme, dirigido por Phil Lord e Christopher Miller, com o roteiro do próprio Jonah Hill, não só presta uma homenagem à série, como também dá uma repaginada para os dias atuais. No elenco ainda estão Brie Larson, Dave Franco e Ice Cube.

Morton Schmidt (Jonah Hill) e Greg Jenko (Channing Tatum) são colegas do colégio, e agora, dois policiais recém formados. Eles são transferidos para uma unidade chamada Jump Street, que recruta policiais com aparência mais jovens, para trabalharem disfarçados em colégios. Os dois amigos policiais recebem a missão de investigar um novo tipo de droga que surgiu entre alunos de um colégio, e encontrar o fornecedor.

Apesar de ser baseado na série dos anos 80, Anjos da Lei traça o seu próprio caminho, já que não se trata apenas de uma refilmagem, ou uma homenagem, a série, e sim uma repaginada. Como o próprio personagem diz ao chegar na escola, ele reconhece uns grupos, mas outros não. Motoqueiros, nerds, e até os mais descolados, onde esses, são diferentes da época em que os personagens estudavam, além de personagens gays, vegetarianos e que se preocupam com o meio ambiente. Se antes, ser mauricinho e valentão, era descolado, hoje em dia, já não é mais; além da troca de papéis, onde o nerd esquisito se torna o popular, e o musculoso e valentão precisa encontrar seu próprio grupo. Regado a muito humor, piadas, muitos palavrões, tons sexuais, e paródias, não só de filmes policiais, mas de si mesmo, o filme empolga e diverte ao mostrar as confusões que Doug e Brad (nome que eles ganham para o disfarce) no colégio. Sem um vilão que realmente parece ser, Anjos da Lei foge de um filme policial, pelo menos até a sua metade, e no ato final, começam as perseguições de carro, tiroteios, reféns, e tudo que um bom filme de ação tem; mas ainda tem espaço para humor e piadas irônicas.

Greg e Norton nunca se deram bem no tempo que eles estavam no colégio, mas acabaram virando melhores amigos, e se tornam “irmãos” durante o disfarce, ganhando novos nomes, e até se confundem. A sintonia entre Channing Tatum e Jonah Hill é um ponto forte do filme, e o famoso “bromance” entre os personagens deles é divertido e muito legal, transparecendo a todo momento, incluindo nas cenas de ação. Ice Cube também está divertido, se apresentando como um policial brabo e que fala vários, mas vários mesmos, palavrões com tons irônicos. Brie Larson, e Dave Franco, irmão de James Franco, representam bem os típicos estudantes norte-americanos atuais. Destaque também para o grupo de nerds, interpretado pelos ótimos Dax Flame, Stanley Wong e Johnny Pemberton, que ajudam o personagem de Channing Tatum na investigação, onde acabam fazendo uma inesperada e divertida amizade. E temos ainda uma surpresa aparição de dois atores da série de TV.

Anjos da Lei acerta em ter a sua própria identidade ao invés de recriar a série dos anos 80 para os dias atuais, e se torna umas das melhores comédias dos últimos anos, explicando enorme sucesso de público. É um filme engraçado, divertido, abraça o politicamente incorreto, com seus palavrões, drogas, bebidas e situações hilárias, e pouco se importa com o que vão achar.