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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | ANACONDA (1997)

Atualizado: 4 de jul. de 2023



Os filmes de monstros – com animais selvagens, alienígenas, ou criaturas geneticamente modificadas -, existem há séculos e tivemos grandes clássicos que marcaram uma geração distinta. Produções desse subgênero servem apenas para puro entretenimento, sem nenhuma perspectiva de ganhar algum prêmio do Oscar, a não ser o Framboesa de Ouro. A produção “B” Anaconda é um desses casos – inclusive foi indicado ao Framboesa de Ouro -. Lançado em 1997, Anaconda foi dirigido por Luis Llosa, e apesar do sucesso de bilheteria, foi massacrado pelos críticos. Porém, o tempo ajudou o filme da cobra de 12 metros que come gente, e hoje é considerado um dos clássicos das produções trash, rendendo uma franquia com mais três filmes e um encontro inesperado com o crocodilo de Pânico no Lago. Por incrível que pareça, Anaconda tem grandes nomes no elenco, como Jennifer Lopez, Ice Cube, John Voight, Owen Wilson, Eric Stoltz, Jonathan Hyde, Danny Trejo e Kari Wuhrer.


Na trama, um grupo de documentaristas liderado por Terry (J-Lo) e Steven (Eric Stoltz) vão até a Amazonia para documentar o dia a dia de uma tribo local. No caminho, eles acabam encontrando o caçador de cobras Paul Sarone (John Voight), que pretende caçar vivo uma cobra, a Anaconda, colocando a vida de todos em risco.


Anaconda é um daqueles filmes que são tão ruins, mas tão ruins que acabam se torando tão bons. Filmado quase que inteiramente no Rio Negro, na região de Manaus (Amazonia), Luis Llosa utiliza a mesma ideia que Steven Spielberg usou em Tubarão, escondendo o seu monstro até uns trinta minutos de filme mais ou menos, mostrando a partir ponto de vista do animal. Até a cobra “dar o bote” muita coisa acontece, e o desenvolvimento do roteiro é razoável, que incluem frases ditas em um português brasileiro bem bizarro - incluindo um “puta que pariu” clássico antes da cobra atacar um certo personagem -, frases de efeito, personagens fazendo coisas estúpidas e discutindo, além de mostrar belos ângulos da floresta Amazônica. Mas quando a Anaconda resolve aparecer, o filme tem ao seu favor as intensas sequências de ação, muitas aliás se considerar os 60 minutos restantes de filme, com a cobra tocando o terror nos gringos. E olha que o bicho é resistente (leva tiro, é queimada e ainda fica viva), e faz proezas inacreditáveis (abocanha um personagem quando ele pula da cachoeira).



Não podemos esperar muito da atuação dos personagens, até porque, estamos assistindo um filme de monstros, e o que queremos ver é o bicho em ação matando todo mundo. Sabendo disso, obviamente as atuações dos atores seriam péssimas, e realmente, nenhuma se salva – talvez a cobra por demonstrar ser indestrutível -. Jennifer Lopez, antes de virar a J-Lo que conhecemos hoje, até dá para entender o porquê de ter aceitado o papel (estava no início da carreira de atriz e ainda não tinha se tornado uma estrela da música pop), e ainda a coitada se prestou a seduzir o personagem de John Voight. Um vexame. Gillian Anderson (a Scully de Arquivo X) e Julianna Margulies (a Carol da série E.R.) estavam cotadas para interpretar o papel dela.


Mas e o pai da Angelina Jolie (Voight)? Provavelmente é a pior atuação da carreira do ator ao interpretar o vilão Paul Sarone, um caçador de cobras que engana todo mundo e sequestra (sozinho!!) o barco alugado pelos documentaristas. Apesar do jeito canastrão, o sotaque forçado, e as caras e bocas ridículas do personagem, Voight consegue fazer um antagonista ameaçador, ganancioso, e consegue ser mais cruel que a própria anaconda. De famoso, ainda tinha no elenco Ice Cube (que já estava na carreira musical), Owen Wilson em seu recém terceiro filme no cinema), e Jonathan Hyde, que esteve em Riquinho, Jumanji, e no mesmo ano interpretaria o sr. Ismay em Titanic, bem antes de ser o irmão pilantra de Evelyn (Rachel Weiz) na trilogia A Múmia.


Durante as filmagens de Anaconda, um animatrônico da cobra deu defeito e começou a se mexer sozinho, e ainda usaram os vídeos do ocorrido no filme. Com isso, a equipe teve que utilizar efeitos em CGI que custaram mais de U$ 100 mil dólares por segundo, resultando em uns efeitos tão ruins, mas tão ruins, que deixam o filme ainda mais divertido, e acabou se tornando um charme. E tem um detalhe curioso que acabou viralizando, além de ter sido motivo de piada: em uma parte da sequência final, a cachoeira segue o fluxo contrário: ao invés da água descer, ela sobe. Esse erro acabou se tornando outro charme do filme. Fico pensando em como os editores não perceberam isso?



Anaconda custou U$ 40 milhões de dólares, e arrecadou mais de três vezes o seu custo – U$ 136 milhões -, foi massacrado pela crítica especializada, foi indicado a vários Framboesas de Ouro, mas acabou se tornando um clássico do gênero, e queridinho dos fãs. O filme estrelado por Jennifer Lopez é ruim, mas é bom ao mesmo tempo, tem ótimas sequências de ação, um desfecho longo e intenso, e todos os pontos negativos – efeitos em CGI ruins, atuações ruins, cenas absurdas -, ajudaram ainda mais a produção a se tornar um clássico do terror B. Anaconda é o típico “prazer culposo”, aquele filme ruim “assistível” que acaba divertindo o público e por isso se torna tão bom.



ANACONDA


Ano: 1997

Direção: Luis Llosa

Distribuidora: Columbia Pictures

Duração: 93 min

Elenco: Jennifer Lopez, Ice Cube, John Voight, Owen Wilson, Eric Stoltz, Jonathan Hyde, Danny Trejo e Kari Wuhrer.



NOTA: 7,8


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