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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | AMOR, SUBLIME AMOR (2021)

Atualizado: 1 de abr. de 2022




07 Indicações ao Oscar 2022

Vencedor do Oscar MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (Ariana DeBose)



Há um grande receio do público em geral com os musicais, principalmente pela sua forma de abordagem, com muita cantoria, coreografia, e o tom mais “cartunesco”, teatral; salvo os musicais da Disney, tanto live-action quanto as animações, que atrai mais público. Desde o início do cinema, com O Mágico de OZ, A Noviça Rebelde, até os clássicos dos anos 60, 70 e 80, Grease, Footlose, e passando pela retomada, no início dos anos 2000, com Moulin Rouge: Amor em Vermelho, Chicago, Mamma Mia, La La Land, entre outros, o gênero musical tem encantado gerações, com temas importantes à cada época em que se a trama se passa. Fazendo sua estreia no gênero, o premiado diretor Steven Spielberg traz para os dias atuais, a história de amor considerada o Romeu e Julieta contemporâneo, Amor Sublime Amor, refilmagem da produção homônima lançada em 1961, mas que ainda continua tão atual quanto na época do original, sobre duas gangues rivais de Nova York, muitas críticas sociais, e um romance proibido. Indicado a sete Oscar, incluindo Melhor Filme, o musical tem no elenco Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana deBose, Mike Faist, David Alvares, e Rita Moreno.


A trama se passa em Nova York no finalzinho dos anos 50, onde duas gangues rivais, os Jets, americanos brancos de imigrantes europeus, e os Sharks, imigrantes porto-riquenhos, brigam pela liderança do bairro em que vivem. Tony (Ansel Elgort), ex-líder dos Jets, e Maria (Rachel Zegler), irmã do líder dos Sharks, acabam se apaixonando, mas o fato de serem de comunidades rivais, pode atrapalhar o relacionamento do jovem casal.


Em Amor, Sublime Amor, Spielberg consegue criar uma trama ágil e dinâmica, fazendo com que o espectador se envolva na história dos personagens, e seus dramas, mantendo todos os elementos clássicos do original. Muitos desses elementos podem soar estranhos para os dias atuais, como o amor à primeira vista do casal protagonista, considerado algo banal entre muitos jovens, mas que é a essência da produção, lembrando da época em que se passa. As suas mais de duas horas e meia de duração passam bem rápidos, temos os números musicais, as clássicas canções, as coreografias, uma história bem desenvolvida, principalmente sobre a rixa entre os Jets e os Sharks, personagens cativantes, e críticas sociais cada vez mais atuais, mas um dos poucos problemas da produção está justamente no casal protagonista. Spielberg, e o roteirista Tony Kushner, não dão tanto espaço para o romance entre eles: se apaixonam muito rápido, e já querem fugir e até casar, e o fato de a rixa entre suas comunidades atrapalhar o relacionamento deles, parece ser pouco explorado. Com isso, fica difícil abraçar a causa deles, e o foco acaba sendo os perrengues da disputa entre as duas gangues.



O elenco é o ponto forte da produção, todos com os seus dramas explorados, dançam e cantam muito bem, e temos uma reparação histórica aqui: a produção original não tinha nenhum ator latino-americano, e todos eram brancos, onde alguns tiveram que usar até maquiagem para escurecer a pele. Para corrigir esse erro, Spielberg procurou por atores latino-americanos de verdade, na maioria porto-riquenhos, descendentes ou naturais do país, para compor o elenco. Ansel Elgort e Rachel Zegler são o casal protagonista, estão em ótima sintonia juntos, mas o roteiro apressa tudo, e não foca o suficiente para que a gente crie alguma simpatia por eles, e também, essa história de amor à primeira vista não ajuda muito. Sabendo disso, Kushner adiciona um drama pessoal à parte para cada um deles, dentro do romance do casal, funcionando muito melhor, além de ser mais fácil de o público se identificar. Ansel Elgort está perfeito nos números musicais, dançando incrivelmente bem, e acredito que o ator combina muito para os filmes gênero, mas é Rachel a que mais se destaca, com uma poderosa voz, misturando o espanhol com o inglês, esbanjando carisma, ansiando para amar, e ser amada, por Tony, claro. Esse é o seu primeiro grande papel no cinema, e a atriz, descendente de colombianos, acabou ganhando o Globo de Ouro de Atriz em filme Drama, mas nenhuma indicação ao Oscar.


Mike Faist e David Alvarez interpretam Riff e Bernardo, respectivamente, os líderes das gangues, e roubam a cena a todo momento, seja pela intensidade nas cenas de rivalidades entre eles, ou nos passos musicais, assim como Ariana DeBose, que venceu o globo de Ouro de atriz coadjuvante em filme drama, interpretando Anita, o par romântico de Bernardo. A atriz é a alma da produção, mesmo não sendo a protagonista, trazendo uma intensidade incrível para sua personagem, com destaque para a sua interpretação na música “América”, além de ter uma excelente química com Bernardo; diria que eles têm mais até que o próprio casal protagonista. Aqui, merecem dois destaques. O primeiro é a personagem “Anybodys”, que na versão original era uma mulher masculinizada, e agora, é um homem transgênero, interpretado pelo ator Iris Menos, que sonha em entrar para a gangue dos Jets, composta só de homens. E segundo, a participação da atriz Rita Moreno, que interpretou Anita no filme original, e agora é Valentina, dona de mercadinho, e que é o ponto de escape entre as duas gangues, e que ‘adotou” o personagem de Ansel Elgort, Tony. A atriz está esplendida no papel, emocionando o espectador com a sua sensibilidade, se destacando no terceiro ato, especialmente em uma cena que remete ao estupro, dando uma forte lição de moral.



A direção de arte e a fotografia ajudam a transportar o espectador para os anos 50, recebendo merecidamente as indicações, com os cenários da Nova York na época, do bairro principalmente, o jogo de cores e sombras nas cenas noturnas, onde os números musicais evidenciam tudo isso. Amor, Sublime Amor é um filme atemporal, e a versão de Steven Spielberg prova isso, mostrando que críticas sociais como a xenofobia, racismo, rivalidade entre as gangues, e a violência, continuam tão atual quanto antes, infelizmente, ganhando ainda mais intensidade, e importância. Vale destacar também o fato de a produção optar, propositalmente, por não legendar quando os personagens falam em espanhol. Spielberg acerta em sua estreia no gênero, trazendo um musical grandioso e emocionante, fácil de se assistir e que prende a atenção do público até o seu arrebatador final. As duas horas e meia de duração passarão muito rápido.



AMOR, SUBLIME AMOR (WEST SIDE STORY)


Ano: 2021

Direção: Steven Spielberg

Elenco: Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana deBose, Mike Faist, David Alvares, e Rita Moreno



NOTA: 9,5



Disponível na DISNEY +


















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