Quando Alien - O Oitavo Passageiro estreou lá em 1979, a produção revolucionou o gênero da ficção ao colocar os monstros no espaço. Desde então, muitas produções se inspiraram no filme de Ridley Scott, seja pelas referências ou por seguir a mesma fórmula, a maioria sem sucesso. Um dos mais recentes é Vida, de 2017, trazendo muitas semelhanças com o clássico de 79. Mas nem sempre a história se passa no espaço, como é o caso de Ameaça Profunda, dirigido por William Eubank, e estrelado por Kirsten Stewart, T. J. Miller e Vincent Cassel. Visivelmente inspirado no filme de 79, e pegando ideias de outros filmes, Ameaça Profunda tinha tudo para ser um ótimo filme, mas acabou se tornando mais uma produção genérica, ainda que tenha bons momentos de suspense.
A Kepler 822 é uma estação subaquática de perfuração que está situada na Fossa das Marianas, contando com uma grande equipe. Após um forte terremoto, a estação entra em colapso, e os poucos sobreviventes descobrem que criaturas estranhas estão à espreita deles.
O maior problema de Ameaça Profunda está nas suas limitações criativas, pegando elementos de várias produções do gênero, como O Segredo do Abismo e Esfera, ambos com a trama se passando no fundo do oceano, além de abusar dos clichês. A história já é batida - “uma equipe precisa fugir do local” - e não há nada de errado nisso porque essa é a base de um filme do gênero, mas falta criatividade no seu desenvolvimento. O filme de William Eubank começa bem, e sem perder tempo, temos uma ótima sequência de ação. À medida que a história vai se desenvolvendo, conhecemos as instalações da Kepler, um ótimo trabalho de direção de arte que consegue passar um pouco da sensação claustrofóbica de estar no fundo do oceano. O suspense é constante, assim com o os momentos de tensão, e da mesma forma que aconteceu com o primeiro Alien, a criatura demora um pouco para aparecer, sem muita criatividade, mas ainda causa um certo impacto.
O roteiro tenta criar uma ligação dos personagens com o público, mas suas histórias são pouco desenvolvidas, se limitando mais nas suas personalidades. Kirsten Stewart está bem no papel de Norah, provando sua versatilidade em fazer personagens mais maduros. A atriz se entrega no papel, raspa a cabeça, e se sai bem nas cenas de ação, onde o diretor usa muito da sua sensualidade, assim como aconteceu com Sigourney Weaver nos filmes da franquia Alien. O alivio cômico fica por conta de John Gallagher Jr. e T.J. Miler, soltando suas piadinhas várias vezes, o que acaba cortando todo o clima de tensão.
Ameaça Profunda não é um filme ruim. Causa um nervosismo e tensão naqueles que tem alguma claustrofobia, tem sustos para aqueles que adoram, e apesar de ser batido, a história prende a atenção do público, se destacando mais nos perigos da própria estação, do que na criatura em si. Há uma surpresa no final, bem interessante até, no estilo 20.000 Léguas Submarinas, que deixará os fãs de monstros bem animados. No mais, é um filme genérico, mas que diverte e é uma boa adição ao gênero.
AMEAÇA PROFUNDA (UNDERWATER)
Ano: 2020
Direção: William Eubank
Duração: 95 min
Distribuidora: 20th Century Studios
Elenco: Kirsten Stewart, T. J. Miller e Vincent Cassel
NOTA: 8,0
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