CRÍTICA | ALÉM DA VIDA

Atualizado: 4 de nov. de 2021

Nos últimos anos, filmes com temas espíritas vem tomando conta do cinema, tanto no Brasil, Nosso Lar, e no exterior, com Um Olhar do Paraíso e A Morte de Charlie. Agora, é a vez do renomado diretor Clint Eastwood mostrar seu talento no subgênero, com o drama Além da Vida, estrelado por Matt Damon, que mistura vida após a morte, crenças e romance em três histórias paralelas. Também estão no elenco Cécile de France,Bryce Dallas Howard, Lyndsey Marshal, Thierry Neuvic, e os irmãos, George e Frank McLaren.

A história acompanha três pessoas, a jornalista francesa Marie (Cécile de France), os irmãos Marcus e Jason (George McLaren e Frank McLaren), e o médium Geroge (Matt Damon), que, de alguma forma, tiveram experiências com a morte, e que procuram respostas sobre a vida espiritual.

Além da Vida segue uma linha poucas vezes explorado, mas que rende boas histórias: são três tramas paralelas que, em algum momento, se encontram. O ritmo da produção é lento, o que ajuda a desenvolver bem os personagens e os traumas que eles enfrentam, mas o assunto abordado é interessante e bastante explorado pelo roteirista Peter Morgon, que prende o espectador. Logo no início, já temos uma sensacional cena de um tsunami, que foi importante para a indicação ao Oscar esse ano, e logo na sequência, acompanhamos os incidentes que acontecem com os outros personagens, para depois, a história se desenrolar na busca por respostas para entender tudo o que aconteceu.

Os personagens estão muito bem desenvolvidos, e as atuações são genuínas e cheias de emoção, ajudando a criar uma empatia com o público. Como disse, são três histórias paralelas: uma delas é da jornalista Marie, que mora França, e que passa por uma experiência de quase morte, mudando totalmente a forma como ela vê a vida, e começa a investigar sobre a vida pós a morte, em uma forte intepretação da atriz Cécile de France.

Não muito longe dali, em Londres, acompanhamos também o drama de dois irmãos muito unidos, que desde cedo já tem que aprender a cuidar de si mesmos, e de sua mãe viciada. Um deles acaba morrendo em um acidente, e o outro fica muito apegado ao irmão que morreu, não aceitando o que aconteceu. A história dos meninos é a mais simples, mas tem uma grande sensibilidade, e é muito bem explorada no roteiro.

E por fim, temos George, um médium que se conecta com o mundo espiritual, e que por anos, atendeu pessoas para dar algum conforto na perda deles, mas que agora já cansou desse dom e quer parar. É com ele que os outros personagens buscam por respostas, e as suas histórias acabam se entrelaçando. Eastwood acerta nesse encontro, que não é por acaso, e não são forçadas em nenhum momento, mas tudo termina de uma forma muito simples, sem muitos conflitos.

Além da Vida demora para dar uma engrenada, apesar dos 30 minutos iniciais cheios de acontecimentos, tem um ritmo mais lento, que pode deixar muita gente cansada, mas toda a trama é bem desenvolvida e prende a atenção do público com esse tema de muitas perguntas e respostas, que é basicamente o que todos os personagens buscam. Hereafter, no original, está longe de ser um filme marcante da carreira de Clint Eastwood, e nem parece ser um na verdade, mas é um ótimo drama que guarda várias surpresas, e nos ensina sobre o espiritismo e mediunidade de uma forma séria, que se encerra de uma forma simples, mas bonita e esperançosa, com uma grande lição de vida.

Originalmente publicado em 2010. Editado em 2020.