Além de trazer grandes produções que marcam época, e que muitos são considerados clássicos do cinema, Hollywood também é eficiente em criar personagens que se destacam na história do cinema: Hannibal Lecter, Norman Bates, Jason, Sarah Connor, Indiana Jones, Ellen Ripley, Rocky Balboa, James Bond, enfim, uma infinidade. Em 2003, um dos mais esperados encontros do cinema aconteceu, entre os dois maiores vilões dos slasher, Jason e Freddy Krueguer (ainda acho Michael Meyers melhor), no mediano Freddy vs. Jason, que travaram uma intensa batalha.
Seguindo essa linha, em 2004 tivemos outro encontro de dois grandes monstros do cinema: Alien e o Predador. O primeiro, foi criado em 1979, por H. R. Giger, na concepção do xenoformo, e Dan O'Bannon e Ronald Shusett, escreveram a história e criaram os personagens humanos. Dirigido por Ridley Scott, Alien – O Oitavo Passageiro se tornou um clássico do cinema, com uma história claustrofóbica, e um antagonista assustador, rendendo mais três filmes (Aliens: O Resgate, Alien 3 e Alien: A Ressurreição), e dois prelúdios, lançados recentemente, (Prometheus e Alien Covenant). Já o humanoide Predador, teve sua primeira aparição em 1985, no filme dirigido por John McTiernan, e estrelado por Arnold Schwarzenegger, trazendo uma temática bem diferente de Alien, e que rendeu uma continuação, estrelada por Dany Glover, um outro filme de 2010, e um reboot em 2018.
Pois bem, temos então o, também, tão esperado encontro entre essas duas criaturas alienígenas no cinema, que já tiveram contatos em HQ’s, jogos de videogames, e enfrentaram até o cyborg T-800, conhecido como o Exterminador do futuro. Alien vs. Predador foi dirigido por Paul W. S. Anderson, da franquia Resident Evil, e que rendeu uma continuação em 2007, intitulada de Alien vs. Predador: Requiem. Segue, abaixo, um especial com os dois filmes desse encontro do xenomorfo com o humanoide caçador. Será que você conseguirá sobreviver no final?
ALIEN VS. PREDADOR
Ano: 2004
Direção: Paul W. S. Anderson
Elenco: Lex Woods, Lance Henrikssen, Raoul Bova, Ewen Brenmer e Agathe de La Boulaye.
NOTA: 5,0
Disponível no STAR +
Na trama, um milionário doente descobre uma enorme construção enterrada em baixo da terra, na Antártida, e convoca uma equipe para investigar. Eles descobrem que as ruinas abrigam seres alienígenas, os xenomorfos, e acabam no meio de uma guerra, quando os humanoides caçadores chegam no local, para iniciar uma intensa caçada.
Paul W. S. Anderson é um diretor de altos e baixos (mais o segundo), e até a direção de Alien vs. Predador, ele tinha feito apenas três filmes: o tenebroso Mortal Kombat, a ficção (que não assisti) O Soldado do Futuro, estrelada por Kurt Russel, o terror de ficção Enigma do Horizonte (o melhor), e o primeiro Resident Evil. Já era de se esperar que seu filme seguinte, Alien vs. Predador, não seria tão bom, mas acaba funcionando na sua proposta, de ação e no embate das duas criaturas.
Se você está ansioso para ver o xenomorfo e o humanoide gladiando, terá que esperar um tempão, porque a trama da uma enrolada até chegar no fatídico momento. Mas não é por acaso. O diretor, que também roteirizou ao lado de Dan O'Bannon e Ronald Shusett (do primeiro Alien), cria uma mitologia interessante para o filme, misturando uma pirâmide com três culturas ancestrais humanas, com detalhes em hieróglifos sobre as duas criaturas alienígenas, mostrando que elas já tiveram contatos com os humanos. Aos poucos, os pesquisadores vão investigando as ruínas e descobrindo seus segredos, enquanto os xenomorfos vão “acordando”, com direito aos clássicos ovos e a rainha alien, e os predadores vão chegando na Terra, e no local, especificamente. No meio disse tudo, alguns personagens morrem, lembrando os clássicos filmes das criaturas, nada de tão explicito ou sanguinário como esperado, claro, para que a classificação etária fosse menor.
Um dos problemas de Alien vs. Predador está nas cenas de ação, rápidas demais, com cortes muito rápidos, deixando tudo o que está acontecendo muito confuso. Os efeitos especiais até que são bons, apesar de muitas vezes parecer muito artificial, por causa do exagero da computação gráfica, e a concepção das criaturas são fiéis aos seus filmes solos, e muito bem feitos. Os poucos humanos que sobreviveram para assistir o confronto deles, acabam ficando perdidos em um labirinto dentro da pirâmide, que, aliás, a produção tem um criativo trabalho direção de arte e fotografia.
Outro problema, recorrente em produções do gênero, está nos personagens, que são poucos desenvolvidos, e muito rasos; nem quando falam sobre os filhos chega a comover o espectador. A maioria está ali apenas para morrer, ou servir de embrião para que mais xenomorfos nasçam, ou para morrerem nas mãos dos predadores, e pouco se importamos com eles, e com o que acontece, até porque, o atrativo é o embate entre as criaturas. Se preocupamos mais até com um dos predadores, ou até os aliens, do que os humanos. Os personagens são bem estereotipados, um mais clichê do que o outro, fato que aconteceu em Prometheus, e entre eles, se destacam Lex Woods, a líder da equipe, interpretada por Sanaa Lathan, uma referência que remete a tenente Ellen Ripley, e Lance Henrikssen, figurinha carimbada na franquia Alien, onde em AVP, interpreta o tal milionário que descobre as ruínas. Além do xenomorfo, a outra ligação com a franquia é a empresa Weyland, que fazia Terraformação em planetas incapazes de nós, humanos, sobreviverem.
Alien vs. Predador tinha tudo para ser um dos filmes mais interessantes, já que trazia as duas criaturas alienígenas mais famosas do cinema, mas acabou virando um filme genérico, artificial, sem muita profundidade e desenvolvimento, que ganha pontos nas cenas de ação, e nos efeitos especiais, apesar dos erros citados anteriormente. O filme de Paul W. S. Anderson não é tão ruim, diverte e entretém, mas ficou tudo muito raso. A batalha final é a parte mais interessante, e o desfecho ficou em aberto, que resultou em Alien vs. Predador 2, lançado três anos depois. Será que a continuação se saiu melhor?
ALIEN VS. PREDADOR 2 (ALIEN VS PREDADOR: REQUIEM)
Ano: 2007
Direção: Greg Strause, Colin Strause
Elenco: Sanaa Lathan, Steven Pasquale, John Ortis, Jhonny Lewis e Kristen Harger
NOTA: 5,0
Disponível no STAR +
Alien vs. Predador 2 tem início logo após o fim do primeiro filme, quando um “alien” nasce de dentro do predador, fazendo uma mistura genética das duas criaturas. A nave dos predadores acaba caindo ao redor de uma cidadezinha nos EUA, onde a criatura foge, e começa a “procriar” nos arredores. Enquanto a cidade começa a ser atacada, outros predadores chegam no local para dar um fim nos xenomorfos, iniciando uma nova batalha.
Alien vs. Predador 2 foi muito criticado na época, sendo considerado uma das piores continuações já produzidas, mas o filme não é tão ruim assim, e eu considero melhor do que o primeiro. Se você analisar pelo lado da mitologia do Alien e do Predador, sim, a produção descarta toda a franquia envolvendo as criaturas: para que os ovos dos xenomorfos? Para que uma rainha para coloca-los? O chamado “Predalien”, a mistura das duas criaturas, toma o lugar da rainha alien, injetando o embrião no hospedeiro de outra forma. Para que o “facehugger”, o monstrinho que sai de dentro do ovo e gruda no rosto da vítima?
Mas nem tudo está perdido. A trama é boa e bem desenvolvida, mais do que o primeiro, o suspense e mistério vão crescendo de acordo com os acontecimentos, e os personagens vão se desenvolvendo, com seus dramas, ridículos sim, mas bem mais explorados. O problema do enredo é que ele se torna um “slasher”, (algo parecido com Alien 3, e que não deu certo), trocando um serial killer pelo xenomorfo, matando todo mundo que encontra pela frente, e não poupando ninguém, mas ninguém mesmo; isso inclui crianças, mulheres grávidas e recém nascidos. Sim, os diretores exageraram um pouco no quesito da violência. O enredo também não dá um motivo plausível do porquê das criaturas se enfrentarem, fazendo com que a ideia de a nave cair, justamente, perto da cidade, seja bastante duvidosa. Mas em algum lugar ela tinha que cair, não é?
Outro problema não é bem nos efeitos especiais, que dessa vez, não utilizaram tantos efeitos em CGI como o primeiro, e sim, na fotografia. Os irmãos Strause deixaram o filme todinho quase que no escuro, onde o espectador não consegue enxergar direito, e nem identificar, o que está acontecendo na cena. Isso é o que eu, e todo mundo que assistiu o filme, se perguntam, do porquê de deixar as cenas tão escuras. Seria para manter o suspense? As cenas de ação são boas até, e tem mais embates das criaturas, onde os humanos ficam, novamente, no meio de tudo. Outro detalhe, mas positivo, é por terem colocado a trilha original dos dois primeiros filmes do Predador, criada por Alan Silvestri, dando uma boa nostalgia para quem conhece as produções.
Em relação aos personagens, temos mais contras do que prós. Eles são bem desenvolvidos, seus dramas não convencem muito, mas já servem para alguma coisa, e colocar um grupo de adolescentes, com os típicos dramas de relacionamentos, a comandante do exército que chega, justamente, quando as criaturas vão se enfrentar, o pai policial, e alguns cidadãos da cidade para morrerem apenas, contribuiu para o fracasso da produção. O elenco todo mergulha nos clichês, são caricatos, e não tem aquela liderança necessária para os filmes do gênero; talvez a comandante do exército, interpretada por Sanaa Lathan, é a única que parece ser uma líder. Pelo menos, quando alguém morre, ou se machuca, da pra sentir um pouco de empatia; com alguns só.
Há boatos que Paul W. S. Anderson, diretor do primeiro AVP, recusou o convite para dirigir Alien vs. Predador 2, por que ele não concordou com os rumos do roteiro. Será que a franquia teria um outro destino se ele voltasse para a direção? Já imaginou como seria se um xenomorfo, ou vários, chegassem na Terra? AVP2 tem mais erros que acertos, e o resultado final não é tão desastroso quanto tão pintando, mas ainda é uma continuação desnecessária. O filme dos irmãos Strause tem bastante ação, correria, explosões, sangue, mortes, e muita luta entre as criaturas alienígenas, mas o pior defeito é a fotografia escura, que provavelmente os diretores acharam que funcionaria melhor no suspense. Sério, não da para enxergar quase nada. Uma pena! Quem sabe um reboot dessa curta, e desnecessária, franquia, seria melhor?
OBS:. As imagens e o trailer abaixo, estão com uma qualidade melhor, mais clara, mas no filme, é bem escuro.
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