CRÍTICA | ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Tim Burton é um dos maiores diretores do cinema, com filmes famosos e premiados dos mais variados tipos, mas geralmente com um tom mais gótico: Edward Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e Batman O Retorno. Quando o nome do diretor foi confirmado para adaptar o famoso conto de Lewis Carrol, Alice No País das Maravilhas, os fãs ficaram alvoroçados com a notícia, já que a visão de Burton é bastante peculiar. A nova aventura de Alice desbravando o País das Maravilhas se passa treze anos após a história original e segue a linha dos filmes do diretor. Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Anne Hathaway estão no elenco.

Alice (Mia Wasikowska), agora com 19 anos, mora em Londres e está infeliz com o seu noivado. Durante a festa, ela vê o tal coelho branco e vai atrás dele, chegando no País das Maravilhas, porém, ela não se lembra de já ter ido para lá. O problema é que a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) dominou todo o território, e Alice precisa ajudar a Rainha Branca (Anne Hathaway) a reconquistar o seu trono.

A nova adaptação é diferente de tudo que você já viu sobre o conto da Alice. Com um visual arrebatador, muito colorido e cheio de detalhes, Tim Burton nos leva a um mundo de maravilhas, realmente, misturando cenários sombrios com os mais belos que você pode imaginar. Os efeitos especiais são muito bons, desde as transformações de alguns personagens até as transições entre alguns cenários, apesar de que o 3D poderia ter sido melhor aproveitado. Os personagens feitos digitalmente são belos e realísticos, com destaque para os irmãos gêmeos, Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, criados a partir do ator Matt Lucas, e o gato risonho, que está fofo e assustador ao mesmo tempo. Não é por nada que o filme ganhou dois Oscar na parte técnica.

Apesar da Alice de Mia Wasikowska ser a protagonista, é Helena Bohan Carter e sua Rainha Vermelha que rouba a cena. Ela cria uma personagem engraçadíssima com seu cabeção, e o seu bordão “cortem as cabeças”, e conta com figurinos escandalosos. Johnny Depp também se destaca com seu Chapeleiro Maluco, apesar de seu personagem ter os mesmos trejeitos de Jack Sparrow. Anne Hathaway tem sua graça e charme, mas a sua Rainha Vermelha está um pouco “fofa demais”, e aquela mão dela virada praticamente o tempo todo é muito estranho.

O problema da produção está no roteiro, criando uma aventura aleatória mostrando uma Alice guerreira, fato que acaba afastando muito o filme do conto de Lewis Carrol. Talvez possa incomodar um pouco aqueles fãs assíduos da personagem, mas essas mudanças não afetam em nada a diversão e a beleza da produção de Tim Burton. Alice No País das Maravilhas é uma versão bem diferente do desenho da Disney, e consequentemente, do conto, um visual mais sombrio, mas com toda a beleza do lugar e todos os personagens carismáticos e belos que todo mundo conhece. Assim como a maioria dos filmes do diretor, Alice in Wonderland é bizarro, no melhor sentido possível.

Publicado originalmente em 2010. Editado em 2021.