Em 2010, Tim Burton levou para os cinemas uma versão diferente e sombria de uma das histórias mais famosas: Alice No País das Maravilhas. A trama do filme de Burton se passava anos depois do desenho da Disney, mostrando uma Alice já adulta que retornava para o país das maravilhas, mas que não se lembrava de nada. Com um visual e cenários belíssimos que só o diretor conseguia imaginar, o filme foi um sucesso de bilheteria, com mais de U$ 1 bilhão arrecadados, e marcou uma nova era em Hollywood: a de adaptações de desenhos da Disney em "live-action". A novata Mia Wakisowska interpretava a famosa Alice, Johnny Depp era o Chapeleiro Maluco, Helena Bonham Carter era a rainha Vermelha (a rainha de Copas na história da Disney), Anne Hataway era a rainha Branca, e irmã da rainha Vermelha, e ainda tinha os mágicos personagens feito em computação gráfica: o coelho branco, o gato risonho, os irmãos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum (Matt Lucas), a lagarta Absolem, a rata, entre outros personagens.
Seis anos depois, Alice retorna ao país das Maravilhas, com Alice Através do Espelho, adaptação do segundo livro de Lewis Carol, Alice Através do Espelho e o Que Ela Encontrou Por Lá, porém, a história segue um rumo totalmente diferente da obra. Dessa vez, Tim Burton não dirige, ficando somente na produção, ficando a cargo do novato James Bobin (Muppets - O Filme), à direção. Johnny Depp, Mia Wasikowska, Helena Bohan-Carter, Anne Hathaway e Matt Lucas retornam aos seus papéis, e a adição no elenco é Sasha Baron Cohen.
Absolen aparece para Alice, onde ela o persegue e acaba retornando ao país das maravilhas através de um espelho. Lá, ela descobre que o Chapeleiro Maluco está triste porque ninguém acredita que sua família, que havia sido morta pelo dragão da Rainha Vermelha, esteja viva. Vendo o sofrimento do chapeleiro, ela decide ajudá-lo, e descobre que pode mudar o passado dele se ela pegar a Cronosfera, que mantém o relógio do tempo funcionando, com o Tempo (Sasha Baron Cohen).
Alice Através do Espelho pega apenas o título do segundo livro de Lewis Carol da Alice, porque sua história é bem diferente, mas o filme é tão bom quanto o de Tim Burton. A começar pela história que é mais interessante, mostrando viagens no tempo, destruição da história do país das maravilhas, e o passado dos personagens, onde o foco é a vida do Chapeleiro e das irmãs Rainha Vermelha e Branca. Descobrimos fatos sobre o passado dos personagens de uma forma muito sensível e cativante, nos mostrando como e porquê da forma que agem. Nada disso é inovador, e é uma história bem simples, além de que, esse tema já foi visto em vários filmes, mas se você não for do tipo exigente, poderá se divertir bastante. O visual do filme, e seus cenários, são maravilhosos e um mais interessante do que o outro, onde se destacam o castelo sombrio do tempo, e a "linha do tempo", lugar onde todos os eventos da história do país das maravilhas estão, todos os momentos importantes, em forma de oceano e ondas gigantes.
Mia Wasikowska, e sua Alice, está bem mais madura que no filme de Tim Burton, onde ela estava mais contida e desinteressante, e agora, está com uma personalidade mais forte e com muita determinação, mostrando que mulheres podem comandar a situação. Helena Bonham Carter continua maravilhosa como sempre, e agora, fica mais apaixonante quando descobrimos sobre o seu passado e o motivo de ela querer sempre "cortar as cabeças" de seus inimigos. Até o Chapeleiro Maluco está mais sensível e carismático, onde também descobrimos sobre o seu passado.
O novo personagem é o tempo, que no filme é uma pessoa de verdade, interpretado pelo nada correto Sasha Baron Cohen. Dependendo da visão do espectador, ele é, e não é, o vilão da história, e as melhores piadas são com ele (praticamente todas as piadinhas você mesmo já fez, ou ouviu em vários filmes). Todo o seu castelo, com um enorme relógio, seus ajudantes, os segundos que viram minutos, e o "cemitério dos relógios", são muito criativos e interessantes. Como o foco da história são esses citados acima, os outros fantásticos personagens, o coelho, os irmãos Tweedle, o gato risonho e até a rainha Branca, acabam ficando em segundo plano, mas eles encantam da mesma forma.
Alice Através do Espelho tem uma carga emocional maior, já que mostra sobre o passado dos personagens, além de mostrar temas como família, amizade e mentiras que contamos quando crianças que podem mudar a forma de agir daqueles que mais amamos. Com um belo ensinamento sobre o passado e uma ótima reflexão sobre isso, o resultado final de Alice é satisfatório, não tem os cenários coloridos e as bizarrices (no bom sentido) do primeiro filme, mas os de Alice Através do Espelho são melhores, maravilhosos, maiores e muito mais interessantes, encantando o espectador ainda mais. É um enredo simples, em alguns momentos previsível, mas eficiente ao contar uma bela história sobre o tempo e as consequências ao tentarmos mudar o passado. E fica a pergunta: será que podemos mudá-lo?
ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO (ALICE TROUGH LOOKING GLASS)
Ano: 2016
Direção: James Bobin
Elenco: Johnny Depp, Mia Wasikowska, Helena Bohan-Carter, Anne Hathaway, Matt Lucas e Sasha Baron Cohen
NOTA: 9,0
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