CRÍTICA | AINDA ESTOU AQUI
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 30 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: há 6 horas


Vencedor de 01 Oscar | Melhor Filme Internacional
03 Indicações ao Oscar | Melhor FILME, Melhor Filme Internacional, Atriz (Fernanda Torres)
Já tem um longo tempo que um filme brasileiro não fazia tanto sucesso mundialmente, como é o caso de “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres. Aclamado pela critica mundial, a produção é a grande aposta para Oscar de 2025 nas principais categorias – melhor Filme/ Filme Internacional, e melhor Atriz para Fernanda Torres (Eunice Paiva), que foi ovacionada em todos os festivais que passou -. Ainda Estou Aqui é baseado na obra homônima de Marcelo Rubens Paiva e retrata a época da ditatura Militar (1964 – 1985), mais precisamente no desaparecimento de seu pai, Rubens Paiva, um deputado que teve seu mandato cassado em 1964, que foi sequestrado, torturado, e morto anos depois. Selton Mello, Dan Stulbach, Valentina Herszage, Antonio Saboia, e Fernanda Montenegro estão no elenco.
Ainda Estou Aqui retrata os horrores da ditadura Militar, as prisões, os sequestros, a opressão contra a população brasileira, sem mostrar a violência que teve, com o foco apenas na família Paiva e tudo o que eles passaram após o sequestro do patriarca, Rubens Paiva (Selton Mello) – os traumas e os medos -; além, claro, dos horrores da ditadura. Walter Salles fez um trabalho incrível com o seu projeto, seja pela ambientação (carros, casas, as cores, a cidade), os detalhes históricos, ao orientar os atores, deixando o espectador angustiado com tudo o que aconteceu com os Paiva, mostrando que a tortura psicológica é tão pior quando a física – eles ficaram anos sem saber o que tinha acontecido com Rubens, sem nenhuma confirmação sobre a sua morte e sempre com esperanças, além e terem sido ameaçados pelo regime -. A representação de época também está incrível, fazendo o espectador ser transportado para os anos 70 e 80 com a maior facilidade, mostrando uma rotina muito diferente da dos dias de hoje.

A expectativa maior em torno da premiação do Oscar em 2025 é pela soberba atuação de Fernanda Torres como a esposa de Rubens Paiva, Eunice Paiva – é o papel mais importante e definitivo de toda a sua carreira, sem mais -. A atriz já convence somente com seus olhares, mostrando toda a dor e sofrimento pelo desaparecimento do seu marido, além de ficar preocupada com a segurança de seus filhos. É um misto de angústia e revolta sem poder fazer nada, mas que ao mesmo tempo demonstra ser forte para sobreviver também aos horrores da ditadura. A forma como Fernanda Torres consegue se conectar com o público é assustadora (no bom sentido), nos fazendo ficar ainda mais envolvidos na trama. Selton Mello também está incrível como Rubens Paiva, e mesmo com pouco tempo em tela, faz um personagem cativante, amoroso e que faria de tudo pela sua família – e pela justiça – até esconder alguns segredos.
O elenco coadjuvante também se destacam e deixam a produção ainda mais forte, principalmente os filhos de Eunice e Rubens, além de Dan Stulbach e até Marjorie Estiano nos minutos finais, mas é a participação especial de Fernanda Montenegro o ápice de Ainda Estou Aqui. A atriz interpreta Eunice Paiva na velhice, sofrendo com Alzheimer, e sem falar absolutamente nada, somente se expressando com seu olhar vazio e abatido de quem sofreu na ditadura Militar, e com o desaparecimento do amor da sua vida, sem saber o que aconteceu, os motivos reais, e sem poder se despedir adequadamente do seu marido. O impacto dessa sequência final, junto com uma notícia sobre a ditadura e a trilha sonora arrebatadora, é tocante.

Ainda Estou Aqui é um filme importante para a história brasileira, um retrato de uma época de opressão e de horrores sem mostrar a violência pesada da ditadura Militar, além de mostrar tudo o que aconteceu nessa época e nos fazer refletir. Walter Salles cria um filme intimista e emocionante, são duas horas de angústia, tensão, com momentos de raiva por tudo o que acontece, principalmente com a família Paiva. A representação de época é perfeita, tudo nos mínimos detalhes que nos faz entrar na história, e tem excelentes atuações de todo o elenco, especialmente Fernanda Torres, que cria uma empatia e conexão com o público de um jeito incrível. Ainda Estou Aqui é um filme impactante, e a vitória de Fernanda Torres no Oscar de melhor Atriz é uma reparação histórica de sua mãe, Fernanda Montenegro, que perdeu nessa categoria no Oscar de 2000 para Gwyneth Paltrow, de Shakespeare Apaixonado. Bora fazer acontecer, Hollywood?

AINDA ESTOU AQUI
Ano: 2024
Direção: Walter Salles
Distribuidora: Sony Pictures Brasil
Duração: 137 min
Elenco: Fernanda Torres, Selton Mello, Dan Stulbach, Valentina Herszage, Antonio Saboia, e Fernanda Montenegro.
NOTA: 10
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O filme Ainda Estou Aqui é uma obra que merece todos os elogios e prêmios possíveis, desde o roteiro até as atuações. O roteiro é profundamente emocional e bem estruturado, conseguindo equilibrar momentos de tensão com cenas de reflexão, mantendo o espectador engajado do início ao fim. A narrativa é sensível e realista, abordando temas complexos como luto, superação e resiliência de forma madura e impactante. É uma verdadeira obra prima brasileira!
Todos os atores foram impecáveis, atuações repletas de emoções, e o melhor de tudo o filme não usou IA como alguns filmes do Oscar, rsrsrs.
Mas em especial uma atuação digna de oscar (de fato) foi a da Fernanda Torres, que entregou uma atuação repleta de expressividade! A…