CRÍTICA | A VERDADEIRA DOR
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 30 de jan.
- 4 min de leitura
Atualizado: 5 de mar.


Vencedor de 01 Oscar | Melhor Ator Coadjuvante (Kieran Culckin)
02 Indicações ao Oscar | incluindo Roteiro Original
Você deve conhecer o ator Jesse Eisenberg principalmente pela sua atuação como Mark Zuckerberg no filme A Rede Social, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, além de outros filmes como Truque de Mestre, Zumbilândia, e ao interpretar Lex Luthor em Batman vs. Superman. Eisenberg também se aventurou como diretor, fazendo sua estreia com a comédia dramática “Quando Você Terminar de Salvar o Mundo”, em 2022, e agora com A Verdadeira Dor, no qual também escreveu o roteiro da produção. Já Kieran Culckin, você vai lembrar dele como o irmão de Macaulay Culckin (o garotinho de Esqueceram de Mim 1 e 2), mas ele também estrelou A Estranha Família de Igby, Scott Pilgrim Contra O Mundo, a série na Max “Succession”, e agora, o novo filme do seu amigo Jesse Eisenberg, no qual está indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante, além de ter ganho o Globo de Ouro de Melhor Ator em filme de drama.
A Verdadeira Dor funciona como um “road movie”, um simples, mas profundo e reflexivo drama sobre luto, tristeza, amizade, e empatia, onde se destacam as incríveis atuações de Jesse Einseberg e, principalmente, Kieran Culckin. Na trama, David (Eisenberg) e Benji (Culkin) são primos que passaram a infância toda juntos, mas acabaram se distanciando com a chegada da vida adulta. Para homenagear a sua falecida avó, os primos se reencontram depois de anos para fazer uma viagem à Polonia, junto com um grupo de turistas, e também para conhecer a história da avó, e de sua família. Jennifer Grey, Will Harpe e Kurt Egyiawan também estão no elenco.
Dos dez indicados ao Oscar na categoria Melhor Filme, A Verdadeira Dor parece ser o mais simples de todos, mas traz um enredo dotado de uma profundidade e sensibilidade tocante, muito mais do que alguns dos indicados. Jesse Eisenberg, que dirige e roteiriza o seu segundo filme, leva o espectador para conhecer a história da Polonia, a região, a arquitetura, o passado envolvendo a 2ª Guerra Mundial, visitando os pontos turísticos da cidade, acompanhado de uma fotografia belíssima com cenários que só enriquecem a trama. Ao mesmo tempo, conhecemos os primos David e Benji que decidem se reaproximar durante a viagem, passando por situações divertidas e inusitadas, mas também tensas, onde o roteiro consegue dosar perfeitamente a comédia com os momentos mais dramáticos e sensíveis, sempre acompanhados de diálogos ácidos. A Verdadeira Dor é relativamente curto – tem 1h30 minutos de duração -, o que é ótimo porque não fica tão arrastado, já que o filme tem um ritmo mais lento, mas prende a nossa atenção e nos faz entrar na história de uma forma tão boa, parecendo que estamos juntos nessa excursão pela cidade.

A Verdadeira Dor é um filme sobre atuações, onde os destaques são os protagonistas vividos por Jesse Eisenberg e Kieran Culckin. A dupla está em perfeita sintonia, uma amizade da vida real que acabou se juntando para a ficção, e isso fica visível em tela pela ótima química entre eles. Benji e David são completamente diferentes, mas acabam se completando, e se importam um com o outro, são primos, mas tem uma amizade que ultrapassa laços familiares, e que buscam se reaproximar com essa viagem. David é mais tímido, mais “certinho” e preocupado demais, tem medo de fazer algumas coisas “ilegais” como entrar em um trem sem pagar passagem, ou fumar maconha no terraço do hotel, e Benji é mais comunicativo, impulsivo, vive a vida intensamente e a vê com outros olhos, mas traz consigo uma dor horrível que é perceptível ao espectador. Jesse Eisenberg está ótimo no papel de David, repetindo os seus trejeitos vistos em seus outros personagens, mas aqui acabam se encaixando perfeitamente com o personagem e a história.
Já Kieran Culckin é o maior destaque de A Verdadeira Dor, com uma atuação espetacular no papel do eloquente Benji, que lhe rendeu um prêmio no Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, e uma indicação ao Oscar na mesma categoria. Culckin da profundidade e intensidade ao seu personagem, vai de 8 a 80 em segundos, você vai se divertir e se emocionar com as nuances do personagem, além de ser responsável pelos momentos mais intensos e emotivos do longa, assim como os mais divertidos. É impossível não criar empatia e se conectar com o personagem e as suas dores, que esconde elas muito bem com o seu bom humor, a empolgação, e por ter uma visão mais realista sobre a vida. É uma atuação completamente natural, e o ator se entrega totalmente ao papel.

O roteiro A Verdadeira Dor é muito bem estruturado, trazendo uma incrível reflexão sobre a vida, família, e principalmente sobre relações humanas, valendo a sua indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. É um filme simples, mas profundo e muito bem desenvolvido, com uma sensibilidade maravilhosa, e a atuação de Kieran Culckin faz toda a diferença, dando mais intensidade para a narrativa. A Verdadeira Dor vai fazer você rir, se emocionar, e ainda vai te levar a uma viagem carregada de emoções pelas lindas paisagens da Polônia, ao lado de protagonistas carismáticos, humanos, e com problemas pessoais. Um dos melhores filmes que estão indicados na categoria principal do Oscar.

A VERDADEIRA DOR
Ano: 2024
Direção: Jesse Einseberg
Distribuidora: 20th Century Studios
Duração: 90 min
Elenco: Jesse Eisenberg, Kieran Culckin, Jennifer Grey, Will Harpe e Kurt Egyiawan
NOTA: 9,0








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