CRÍTICA | A REDE SOCIAL

VENCEDOR DE 03 OSCAR: Roteiro Adaptado, Trilha Sonora e Edição

08 INDICAÇÕES AO OSCAR: Melhor FILME, Diretor, Ator, Mixagem de Som e Fotografia.

Mais de 500 milhões pessoas usam o Facebook, criada por Mark Zuckeberg lá em 2003, postando fotos, status de relacionamentos e opiniões próprias. No mínimo, a pessoa que usa essa rede social deve saber o nome do criador. Mas e a sua história? O que ele fez para criar um dos sites mais famosos da atualidade? A produção não poderia cair em melhores mãos do que na do premiado diretor David Fincher, que dirigiu nada menos que Seven – Os Sete Pecados Capitais, Clube da Luta, e O Curioso Caso de Benjamin Button. Baseado no livro “Bilionários por Acaso: A Criação do Facebook,”, de Ben Mezrich, Ficnher nos entrega um poderoso retrato sobre ambição, poder e as graves consequências desses atos. Estão no elenco Jesse Einseberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer, Max Minghella, Aaron Sorkin e Rooney Mara.

A história é sobre a origem do Facebook, criado por Mark Zuckeberg, interpretado por Jesse Eisenberg, quando ele ainda estava na faculdade, junto com seu melhor amigo Eduardo (Andrew Garfield). A história acompanha a jornada deles, de muitos altos e baixos, envolvendo processos, brigas e desavenças, até os dias de hoje.

O roteiro, brilhantemente escrito por Aaron Sorkin, intercala dois tempos distintos sobre a trajetória de Mark Zuckeberg: nos dias atuais, já com os processos em andamento, e no passado, lá em 2003, quando ele teve a primeira ideia para o Facebook. Em momento nenhum a produção se torna entediante, não só por curiosidade sobre o tema, mas principalmente, por causa do desenvolvimento da história, mostrando vários conflitos eletrizantes e que prendem a nossa atenção, que se estendem durante anos com muitos acontecimentos e surpresas. Se é verdade tudo isso, não sabemos, mas o filme de David Fincher é bastante eficiente no entretenimento.

Ainda sobre o roteiro, pode ser que muitos não consigam acompanhar a rapidez dos diálogos, brilhantemente escritos e que mostram a personalidade de cada personagem, além de deixar a trama ainda mais ágil e dinâmica. A dica para quem acha que vai se atrapalhar, é assistir em versão dublada. Há também bastante informações sobre conceitos matemáticos, programação e de tecnologia, elementos que dão mais sustento para a história, e que não poderiam faltar, claro.

O sucesso de A Rede Social não é só no roteiro, e sim, e principalmente, nas soberbas atuações dos protagonistas, personagens de Jesse Einseberg e Andrew Garfield. David Fincher, como era de se esperar, faz um ótimo trabalho com os jovens em ascensão, tirando o máximo de proveito dos atores. Jesse Einseberg foi a escolha perfeita para interpretar Mark Zuckeberg, ele faz um personagem frio, calculista, sem coração, e que no fundo, parece estar arrependido de algumas de suas atitudes, mas que, na verdade, ele acaba escondendo todos esses sentimentos, tornando-o mais humano. Por causa disso, ele é o anti-herói que todos nós nos simpatizamos.

Andrew Garfield também se destaca como Eduardo, amigo de Zuckeberg que ajudou a criar o Facebook. Estão em perfeita sintonia, como se fossem realmente amigos, mas que brilham bastante quando se enfrentam durante a trama, e nos tribunais, principalmente. Eduardo é mais humano e inocente, e sente muito quando seu melhor amigo o trai, e Garfield convence no papel, ainda que não seja tão explorado, até porque, o foco de A Rede Social é Mark Zuckeberg. Justin Timberlake também aparece mais adiante, uma grande surpresa na produção, interpretando Sean Parker, criador do serviço de streaming Napster, um ambicioso e parasita empresário que colocará mais lenha na fogueira na vida do protagonista.

Vale destacar ainda, a excelente trilha sonora, que muda de gênero a cada momento do filme, além da ótima fotografia, que também vai mudando ao longo da produção, e cada tom serve para cada momento da vida dos protagonistas.

Vibrante, ágil e intenso, A Rede Social é um dos melhores filmes do ano, atuações brilhantes, diálogos intensos e um roteiro muito bem adaptado que nos conecta com o filme a todo instante. Muito mais do que uma história sobre a criação da rede social mais famosa da atualidade, o filme de David Fincher fala sobre a trajetória de uma amizade destruída por dinheiro, ambição e caráter, e todas as consequências desses atos. Tudo na vida tem um preço, e até um determinado ponto, é impossível voltar atrás.

Originalmente publicado em 2010. Editado em 2020.