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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | A PRIMEIRA PROFECIA

Atualizado: 30 de out.



Dificilmente algum “prelúdio”, ou simplesmente uma história de origem, funciona. Na verdade, seja um prelúdio, um remake, uma continuação, ou até um “spin-off”, revisitar produções que foram sucesso nas décadas passadas nunca deram certo, e muitas vezes nem se justifica uma revisitação. A Profecia, lançado em 1976, é considerado um dos melhores filmes de terror do cinema, um clássico cult, - coisa que o remake de 2006 não conseguiu, inclusive nem bom é -. Para quem não lembra, ou não assistiu, o filme de 76 mostra um casal de políticos da Inglaterra (Gregory Peck e Lee Ramick) que acabaram perdendo o bebê, e com o consentimento do pai – mas não da mãe -, adotam um recém-nascido órfão. Acontece que a criança em questão, o Damien, é o filho do diabo, o anticristo.


Eis então que foi anunciado um prelúdio, a história de origem do garoto encapetado Damien, intitulado de A Primeira Profecia, da diretora americana Arkasha Stevenson. A primeira pergunta que devemos fazer é se “realmente é necessário uma história de origem de um clássico do cinema?” Por incrível que pareça, The First Omen, no original, supera todas as expectativas, consegue ter sua própria identidade, e ainda faz referências ao original e até de outras produções clássicas do gênero. Na trama, a jovem americana Margaret (Nell Tiger Free) é enviada à Roma para iniciar seus votos e se tornar uma freira. No convento/orfanato, ela acaba descobrindo uma conspiração para trazer de volta o anticristo. Sônia Braga, Ralph Ineson, Bill Nighy e Nicole Sorace também estão no elenco.



Quem esperava um monte de sustos fáceis e previsíveis no estilo A Freira, vai se decepcionar. A proposta da diretora Arkasha Stevenson é fazer um filme mais visual, causando um impacto no espectador pelas cenas gráficas e situações assustadoras ao longo da trama, quase um "body horror", quando o filme usa a violência brutal no corpo humano (aqui especificamente com o corpo das mulheres). A produção evita também ir para o lado mais político que o original tinha – o que não fica repetitivo -, apesar de mostrar protestos estudantis contra a igreja na Roma dos anos 70. O ponto forte de A Primeira Profecia é a sua atmosfera densa e misteriosa, seja nas ruas de Roma ou no orfanato, com cenários escuros, muita investigação, lugares secretos, mas inevitavelmente acaba caindo em alguns clichês típicos do gênero. Aliás, o orfanato lembra bastante o de A Freira 2, e não estranhe se você também lembrar de um outro clássico do terror, O Bebê de Rosemary. O problema maior mesmo é o ritmo lento e inconstante da trama, ainda mais se levar em consideração a sua longa duração de quase 2h, e facilmente poderia ter alguns cortes na edição final, mas nada disso atrapalha o filme como um todo.


Mesmo em um filme de terror, as atuações precisam ser convincentes para passar todo o horror que os personagens enfrentam. Nell Tiger Free, que interpreta irmã Margareth, incorpora muito bem a personagem, transmitindo todo o medo e dúvida através de expressões faciais e gestos convincentes, o que ajuda bastante a deixar o espectador tenso com tudo o que acontece, com o ápice na segunda metade; ficamos até com raiva das freiras que fazem parte da conspiração. A atriz brasileira Alice Braga também marca presença - quase que irreconhecível - interpretando a irmã Silva, uma das principais vilãs do filme, em uma assustadora performance, e ainda tem Ralph Ineson, de A Bruxa (2016), interpretando o padre Brennan, o mesmo personagem do filme de 1976.



A Primeira Profecia ainda tem uma reviravolta bem imprevisível, e os vinte minutos finais prometem ser um dos mais icônicos do terror de 2024, e não para por ai: a diretora Arkasha Stevenson ainda insere um tipo de final alternativo surpreendente, possibilitando novos rumos para a franquia – uma sequência, talvez? -, e claro, ainda tem a conexão direta com o original de 1976. A Primeira Profecia é uma das grandes surpresas do ano, um filme bem-produzido, com cenários e ambientação assustadores, cenas gráficas impressionantes, uma trilha sonora inquietante, além de conhecermos mais sobre os pais de Damien, a sua origem, e o motivo real do porquê queriam tanto trazer o anticristo para a Terra, expandindo a mitologia da franquia. Imperdível.




A PRIMEIRA PROFECIA (THE FIRST OMEN) 


Ano: 2024

Direção: Arkasha Stevenson

Distribuidora: 20th Century Studios

Duração: 119 min

Elenco: Nell Tiger Free, Sônia Braga, Ralph Ineson, Bill Nighy e Nicole Sorace.



NOTA: 9,5


Disponível na











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