Lançado em 2013, Uma Noite de Crime se tornou um sucesso ao trazer um roteiro inovador, cheio de críticas sociais e lições de moral, ao mostrar um evento anual de expurgo, onde qualquer crime, incluindo assassinato, é permitido por doze horas. Essa ideia original, rendeu duas boas sequências, mudando de ambiente, e de escala. Nunca foi revelado o motivo, e como esse duvidoso evento, foi criado, ou quem foram os criadores, até esse A Primeira Noite de Crime, que tenta explicar como essa fatídica noite surgiu.
O filme, dirigido por Gerard McMurray, é o mais elaborado e com críticas sociais que os três anteriores juntos. Como dar inicio a um evento onde pessoas comuns podem matar, expurgar a sua raiva e ódio contra os outros? A associação dos “Novos Pais Fundadores da América (NFFA)”, decide criar o tal evento para tentar diminuir a criminalidade no país, escolhendo a Staten Island, uma ilha nos EUA onde vivem negros e latinos, pagando para que eles participem dessa noite criminosa. Ai, já começa a primeira crítica social, a forma como negros e estrangeiros (latinos) é vista nos EUA, ainda mais no governo de Donald Trump. A narrativa continua focando na reflexão sobre os atos de cada personagem, e as consequências, no meio de muita violência, assassinato, sangue e pavor. Será que os moradores de Staten Island querem mais violência? O dinheiro que lhes é dado, vale a pena matar pessoas inocentes?
Além dessas questões de caráter sócio-racial, há ainda uma outra crítica, que mostra o governo sendo corrupto e fazendo de tudo para esse evento dar certo, tendo assim, a permissão para leva-lo a nível nacional. Aí estão motivos para que a franquia Uma Noite de Crime tenha feito sucesso: tem uma boa história, com motivos plausíveis, ou no mínimo questionáveis, para ter a violência gratuita. Ainda no caráter social, a produção introduz neonazistas e os criminosos da Ku Klux Klan, se aproveitando desse evento para assassinar a população negra e latina, tudo isso no mandato do atual presidente americano.
A Primeira Noite de Crime apresenta personagens onde o público consegue criar uma empatia, mostrando as suas posições morais e as justificativas de participarem, ou não, do expurgo. O núcleo principal é liderado por Dmitri, interpretado por Y’lan Noel, que faz um traficante de drogas, líder da região de Staten Island, mostrando que até ele pode ter atitudes humanas, mais até do que as aqueles que vão participar do evento. Destaque para Rotimi Paul, que interpreta o vilão Skeletor, personagem caricato, mas bem assustador, e Marisa Tomei, que interpreta a Dr. Updale, uma das criadoras da noite de expurgo.
O filme tem algumas revelações, e entrega uma ótima ideia para ser o início desse evento, mas não mostra direito os resultados finais, e falta, também, um clímax mais chocante, uma reviravolta ou surpresa, que acaba fazendo que A Primeira Noite de Crime repita os elementos dos filmes anteriores. A crítica social e política é ótima e bem desenvolvida, tem violência, sangue e assassinatos, mas não empolga tanto quanto os outros, e termina de forma que nos faz pensar que poderia ter sido melhor.
A PRIMEIRA NOITE DE CRIME (THE FIRST PURGE)
Ano: 2018
Direção: Gerard McMurray
Elenco: Y’lan Noel, Marisa Tomei, Lex Scott Davis, Joivan Wade
NOTA: 8,0
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