A Pequena Sereia teve seu lançamento tardio em relação as outras clássicas princesas da Disney, fazendo a sua estreia em 1989 – Branca de Neve e os Sete Anões foi lançado em 1937, Cinderela em 1950, e A Bela Adormecida em 1959 -. Personagens como o peixe Linguado, o caranguejo Sebastião, a gaivota Sabidão, e a sereia Ariel, encantaram uma geração apresentando um novo mundo com seres aquáticos incríveis. Desde a década passada, a Disney tem investido em adaptações em live-action de seus contos (Cinderela, O Rei Leão, Mogli, Aladdin, entre outros) sempre dividindo opiniões do público e crítica; mas na minha opinião, todas as adaptações ficaram incríveis e cada uma teve a sua peculiaridade.
Eis então que a Disney resolve adaptar a animação A Pequena Sereia, escalando a atriz e cantora Halle Bailey, irmã da também cantora Chloe Bailey, para interpretar a sereia Ariel. E uma grande polêmica surgiu quando o primeiro trailer foi lançado, mostrando que Ariel era negra ao invés de branca, como é na animação. E mais uma polêmica surgiu com a representação do peixe Linguado, que ficou bem diferente também, além das altas expectativas com a vilã Úrsula, interpretada pela maravilhosa Melissa McCarthy. Mas será que essas mudanças influenciaram na magia e no encanto da animação dos sete mares?
A trama segue à risca a da animação: a sereia Ariel (Halle Bailey) é encantada pelo mundo dos humanos, deixando o seu pai, Tritão (Javier Barden) irritado com isso. Um dia, ela acaba indo até a superfície e encontra um navio liderado pelo príncipe Eric (Jonah Hauer-King), que o salva de um naufrágio, e acaba se apaixonando por ele. Revoltada com a reação negativa do seu pai, ela acaba fazendo um pacto com a bruxa do mar Úrsula (Melissa McCarthy), entregando a voz dela em troca de se tornar humana. Então, Ariel tem três dias para conseguir conquistar o príncipe Eric, ganhar o verdadeiro beijo do amor e virar humana para sempre. Ainda tem no elenco Daveed Diggs (voz de Sebastião), Jacob Tremblay (voz do Linguado), e Awkwafina (voz do Sabidão).
Apesar de toda a polêmica desnecessária envolvendo Ariel negra e o Linguado “sem cor”, o live-action de A Pequena Sereia tem magia e encanta da mesma forma que a animação, e ainda tem a sua própria personalidade. Dirigido por Rob Marshall, o filme tem quase 1h a mais que a animação – são pouco mais que 2h (sem contar os créditos finais) contra 1h23 da animação -, o que possibilitou um melhor desenvolvimento na trama e nos personagens. Fica melhor para entender os motivos de Ariel gostar tanto do nosso mundo, além dos motivos que a fazem se apaixonar pelo príncipe Eric. O diretor acrescenta cenas inéditas, obviamente, assim como canções que não existiam na animação (uma para o príncipe Eric e outra para a gaivota Sabidão), mas recria cena por cena do original, mantendo todos os elementos que nos encantaram quando éramos crianças. A clássica canção “Aqui no Mar” está presente, onde acabei assistindo a versão em inglês e é bem diferente da dublagem brasileira, mas encanta da mesma forma, e é embalada pelos personagens aquáticos dançando, igualzinho a da animação de 1989.
A parte técnica dos efeitos em CGI estão impecáveis, os cenários aquáticos estão belíssimos, seja no reino das sereias ou no lado sombrio onde a vilã Úrsula vive, assim como os seres marinhos que parecem ser bem reais e com uma expressão impressionante. O live-action não faz feio em relação aos cenários aquáticos de Avatar: O Caminho da Água. E quando Ariel se torna humana e vai para a superfície, os cenários acabam se tornando mais “reais”, mas ainda com muitos efeitos especiais, e tem seu charme e lugares lindos. E é no mundo dos humanos que uma outra clássica canção aparece, “Beije a Moça”, ficando ainda mais encantadora, com mais cor e vida, contando com a ajuda especial dos amigos aquáticos – e principalmente da gaivota Sabidão -, para que esse momento decisivo seja perfeito.
Apesar de toda a polêmica envolvendo o fato da atriz que interpreta Ariel, Halle Bailey, ser negra, isso não muda em nada, e nem dá para sentir muita diferença. Bailey tem um carisma enorme e se conecta com o público com a sua simplicidade e o desejo de se tornar humana, além da sua paixão pelo príncipe Eric, com quem tem uma boa química em cena; até as cenas em que ela fica muda, Bailey consegue se expressar bem, principalmente quando ela está conhecendo o mundo dos humanos. A atriz acrescenta uma personalidade única na Ariel, e ela se sai muito bem, principalmente quando canta, nos impressionando com a sua capacidade vocal, e acabou impressionando também todo o elenco e equipe do filme.
Daveed Diggs da voz ao caranguejo Sebastião com um sotaque divertido, e os efeitos em CGI são impressionantes, dando um realismo e expressão incríveis, e a sua interação com a gaivota Sabichão (na voz de Awkwafina) é divertida – outro acerto de A Pequena Sereia -. Na animação, a gaivota é interpretada por um homem, mas confesso que nem lembrava, e não faz diferença: Awkwafina dá um show de interpretação, tornando o animal extremamente carismático e engraçado, além de ser o famoso “alívio cômico”. E o mérito foi tanto que a personagem acabou ganhando uma canção inédita. Já o peixe Linguado, que também se envolveu em uma polêmica por não ser colorido, como a animação, pode causar um estranhamento (Sebastião foi fiel a do original), mas ele continua fofo e querido da mesma forma.
Jonah Hauer-King interpreta o príncipe Eric, e ao contrário do que estão falando, o ator traz carisma e personalidade para o personagem, e acaba ganhando mais destaque e desenvolvimento na trama - conhecemos mais sobre a família dele, as viagens marítimas, e a sua bondade é bem mais trabalhada -, além de também ganhar uma música solo inédita. Já o rei Tritão, interpretado por Javier Barden, deixou a desejar, não dando o carisma e a dinâmica necessária para o personagem, ficando muito diferente da animação, mas o ator até que sai bem dentro das limitações. E por fim, uma das vilãs mais famosas da Disney, a Úrsula (Melissa McCarthy), acabou dividindo opiniões, mas sua representação ficou perfeita. Apesar de ter um jeito diferente da vilã original, a atriz dá uma personalidade marcante para a personagem, roubando a cena sempre que aprece.
Ainda tem a clássica batalha final com a Úrsula grandona, e a sequência final, que emociona ainda mais, fazendo a gente sair com um sorriso no rosto. No mais, o live-action de A Pequena Sereia tem magia o suficiente para encantar todo mundo, recriando passo a passo e acrescentando novos detalhes na história, expandindo a animação e deixando tudo mais rico em detalhes, além de ter um desenvolvimento bem melhor. Tem personagens carismáticos, divertidos, as cenas no fundo do mar são belíssimas, e ainda tem as clássicas canções que acabam ficando ainda mais mágicas. Halle Baley está incrível no papel de Ariel, trazendo um carisma incrível e uma personalidade única para a personagem, e independente da polêmica, não interfere em nada do encanto que a animação tem. A Pequena Sereia é mais do que uma história sobre princesa e príncipe, e Rob Marshall consegue deixar isso bem claro.
A PEQUENA SEREIA (THE LITTLE MERMAID)
Ano: 2023
Direção: Rob Marshall
Distribuidora: Disney
Duração: 135 min
Elenco: Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Melissa McCarthy, Javier Barden, Daveed Diggs, Jacob Tremblay, e Awkwafina.
NOTA: 9,5
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