CRÍTICA | A INCRÍVEL HISTÓRIA DE ADALINE

Atualizado: 4 de nov. de 2021

Em 2008, a gente conheceu a história de um homem que nasceu com aparência de velho, e à medida que foi crescendo, acabou ficando cada vez mais novo, no filme O Curioso Caso de Benjamin Button. Agora, com um tema diferente, mas com a mesma abordagem do tempo na vida das pessoas, conhecemos a história de Adaline Bowen, uma mulher que simplesmente parou de envelhecer aos 29 anos, e vive uma vida sem criar raízes em nenhum lugar, no filme A Incrível História de Adaline. Diferente do drama de Benjamin Button, a história da personagem é focada mais no romance, e é contada como um conto de fadas, de forma mágica e com direito a narrador explicando a situação. Já antecipo que o filme é um dos melhores do ano até agora, e com certeza irá cativar o público com sua premissa impossível. No elenco dessa linda e triste história, estão Blake Lively, Harrison Ford, Michiel Huisman, Ellen Burstyn e Kathy Baker.

Adaline Bowman (Blake Lively) nasceu no ano novo de 1908, em São Francisco, onde cresceu, acabou casando e teve uma filha. Aos 29 anos de idade, Adaline sofreu um acidente de carro, onde inexplicavelmente deixou de envelhecer, ficando com a mesma idade por mais de cem anos. Durante toda sua vida, ela teve que fugir dos lugares onde passou para ninguém descobrir seu segredo, e com isso, conheceu várias pessoas e teve alguns romances interrompidos por causa de sua condição. Mas em 2015, Adaline conhece o romântico e apaixonado Ellis Jones (Michel Huisman), que será capaz de mexer profundamente com seus sentimentos. Será que Adaline vai finalmente contar a verdade sobre sua situação, e ser feliz ao lado de alguém?

Primeiramente, vale lembrar que a história de Adaline é impossível de acontecer na vida real, e sabendo disso, o filme utilizou muito bem o tom de fábula para contar essa incrível história: um narrador explica detalhadamente o que aconteceu com a personagem para ela se tornar imortal, com direito à neve caindo e efeitos de magia da Disney. Mesmo não precisando, o filme tem uma explicação científica para a situação de Adaline, e acaba brincando com a falta de realismo da história, mas nada disso estraga o filme, pelo contrário: a trama é envolvente e deixa o espectador cada vez mais curioso sobre o destino da protagonista, além roteiro ser previsível, mas ainda tem algumas surpresas e reviravoltas bem interessantes. O plano de fundo do filme é a história de amor entre Adaline e Ellis, e é fácil encontrar referências aos romances clichês de Nicolas Sparks, mas a diferença é que os encontros do casal são em lugares totalmente diferentes e inusitados, deixando o filme com um visual diferente. Outro fator que merece destaque é a abordagem de tempo do filme, mostrando os cenários, carros e figurinos de acordo com a época que o filme se passa, que começa no início do século, em 1908, e vai até os tempos atuais, levando o espectador, ainda que brevemente, por uma bela viagem no tempo.

No filme, todos os atores estão muito bem em seus papeis, por mais curto que seja, e isso deixa o filme ainda melhor. O carisma e a delicadeza que Blake Lively para Adaline é sensacional, cativando o público e nos fazendo se apaixonar por ela de imediato. Ao mesmo tempo que ela é confiante e decidida em não criar laços com ninguém, Adaline sofre com os acontecimentos de sua vida, das pessoas que ela conheceu e que já morreram. E pelo fato de morar grande parte da vida em São Francisco, onde a história se passa, cada lugar da cidade é uma lembrança sobre o passado da personagem, e vemos toda a tristeza e melancolia nos olhos da atriz.

O personagem de Harrison Ford, William Jones, tem um papel curioso e bem importante na trama, e é responsável por uma reviravolta interessante, o que foi ótimo, já que o foco estava sendo o romance do casal e poderia ficar muito chato. Ford rouba a cena e consegue nos emocionar com o drama que surge para abalar a vida dele. Merecem destaques também Michel Huisman, o par romântico de Adaline, incrivelmente apaixonante e que tem uma ótima química com Blake Lively, e Ellen Burstyn, que interpreta a filha de Adaline na fase idosa, que esbanja simpatia e talento, nos emocionando bastante, ainda que o drama dela poderia ter sido mais explorado. Para quem não sabe, a atriz fez uma participação no filme Interestelar, de Christopher Nolan, onde era a filha de Cooper idosa.

A Incrível História de Adaline é um dos filmes mais interessantes do ano, tem uma magia incrível que nos faz se apaixonar por sua história e pela protagonista Adaline. Mesmo sendo previsível e com clichês, o filme tem uma trama inteligente, que prende a atenção do público e até brinca com uma situação impossível de acontecer. É uma ótima opção para quem quer fugir um pouco dos grandes blockbusters da temporada. Vale a pena conferir essa incrível história de imortalidade e as consequências que isso trará na vida.