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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | A HORA DO DESESPERO



Os ataques nas escolas, infelizmente, é algo recorrente nos EUA (só em 2022, já teve mais de 100 desses ataques), e o cinema já explorou esses trágicos incidentes em várias produções. O novo filme estrelado por Naomi Watts, e dirigido pelo experiente Phillip Noyce, aborda esse tema, um ataque em uma escola no interior do EUA, mas de uma forma bem diferente: ao invés dos momentos de tensão vividos pelas vítimas durante o atentado, acompanhamos da perspectiva da personagem de Watts, que está na sua corrida matinal, tudo por um celular Iphone. Em A Hora do Desespero, Amy (Naomi Watts) está correndo pela floresta que cerca a pacata cidade de Lakewood, quando recebe uma ligação dizendo que a escola de seu filho foi atacada por um atirador. Desesperada, e isolada, a mais de 10km da sua cidade, ela tenta descobrir informações sobre o que está acontecendo, e saber se o seu filho está vivo.


A Hora do Desespero é, basicamente, a personagem de Naomi Watts correndo durante mais de 1h20min pela floresta, desesperada por informações sobre o ocorrido, e é ali que acontece toda a ação do filme, onde ela recebe, e faz ligações o tempo todo para entender o que está acontecendo. Phillip Noyce consegue criar bons momentos de tensão e suspense (grande parte pela atuação de Watts), criando reviravoltas e alguns poucos momentos por vídeo chamadas, que deveria ter sido mais explorado. O roteiro apela muito para o sentimentalismo, se baseando na morte do marido de Amy, e como isso afetou a sua família, especialmente o seu filho mais velho, Noah (Colton Gobbo), que está entre os sequestrados na escola, tudo para tentar sensibilizar o espectador com os acontecimentos, e que até funciona. É interessante como o filme consegue passar a sensação de solidão, e impotência, já que a personagem está isolada na floresta (muito linda por sinal), com toda a tensão ocorrendo a quilômetros dela, e as únicas informações que consegue são tudo através de seu Iphone, e é por aí que o diretor decide focar o seu longa, e os momentos de tensão.



Naomi Watts carrega o filme nas costas, e conseguimos sentir o desespero de sua personagem em buscar informações sobre o atentado, e se o seu filho está vivo. Ela corre o tempo todo, se machuca, chora, se esgota fisicamente, e faz de tudo para tentar salvar Noah, mesmo longe e sem poder fazer nada, apenas através de ligações para a polícia, e suas amigas. O roteiro não trabalha muito na relação entre mãe e filho, diante do trauma que eles passaram, apelando para fotos do Instagram e flashbacks de momentos em família, que de fato funciona, mas esse apelo dramático é esquisito, ficando mais evidente na cena final (mais clichê impossível).


De certa forma, A Hora do Desespero é um pouco previsível, as reviravoltas não são surpreendentes, e não há nada de chocante, mas é interessante como a tensão fica por conta das ligações do celular, criando bons momentos. Talvez, se a produção tivesse criado outras situações envolvendo o ataque, com vídeo chamadas, áudios, e ligações, poderia resultar em mais momentos de suspense. No mais, é a sempre competente atuação de Naomi Watts que segura o filme, passando toda angustia de não saber direto o que está acontecendo, e não poder fazer muita coisa para salvar o seu filho. A questão do filme não é focar no ataque em si, mostrando o desenrolar e tudo mais, e sim na aflição da personagem de Watts, mas o diretor poderia ter usado mais os recursos do celular, mostrando Noah dentro da escola à mercê do atirador, criando momentos mais tensos. Mas no fim, temos que nos contentar com Naomi Watts correndo, desesperada, durante 1h20min pela floresta com o seu Iphone.




A HORA DO DESESPERO (THE DESPERATE HOUR)


Ano: 2022

Direção: Phillip Noyce

Elenco: Naomi Watts, Colton Gobbo



NOTA: 6,0


















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