CRÍTICA | A CULPA É DAS ESTRELAS

Lançado em 2012, o livro A Culpa é das Estrelas, de Jonh Green, se tornou um enorme fenômeno literário, traduzido em quase 50 idiomas e vendendo mais de dez milhões de cópias pelo mundo. O motivo do sucesso: aborda um tema bastante sensível, o câncer, junto com um romance adolescente entre dois personagens que tem o mesmo trágico destino. No mesmo ano do lançamento da obra, um filme baseado na história estava sendo desenvolvido, trazendo dois dos jovens atores em ascensão do momento: Shailene Woodley e Ansel Elgort. O filme, que seguiu fielmente a história do livro, apresenta clichês abordados de forma pura e inocente, de acordo com o drama dos amantes desfortunados. No elenco, ainda estão Laura Dern, Willem Dafoe, Sam Trammel e Nat Wolff.

Hazel (Shailene Woodley) e Augustus (Ansel Elgort) são dois jovens com câncer que se conhecem em um grupo de apoio. Eles se apaixonam um pelo outro, mas também tem que lidar com as suas condições médicas.

Temas envolvendo o câncer já foram abordados de várias formas, e os que mais lembram A Culpa é das Estrelas, são Um Amor Para Recordar, de 2002, e Uma Prova de Amor, de 2009; se parecendo mais com o primeiro. Com uma história bem distinta, A Culpa é das Estrelas se diferencia porque os dois personagens principais estão doentes. Ambos têm os mesmos medos, ainda que um ou outro não demonstra, as mesmas dúvidas, as mesmas paixões, e o filme mostra isso de uma forma simples e honesta, mostrando os momentos de alegria, mas nunca esquecendo os de dor. Muitos podem achar que os momentos difíceis são para fazer o público se emocionar, e não deixa de ser também, mas o fato é que isso faz parte da vida dos personagens, e uma hora ou outra, eles vão ter que lidar com a morte. Essa abordagem direta do autor, cria essa atmosfera realista, e realmente comove.

The Fault in Our Star, no original, prende a atenção do espectador desde o início, e não é só pela história, ou pelo romance dos dois protagonistas, mas sim pelo carisma e a personalidade dos personagens, e consequentemente, dos atores. Não sabemos muito sobre a vida deles fora do ‘núcleo dramático” que passam, criando assim, personagens complexos, maduros e interessantes, e o foco é 100% em Hazel e Gus. A química entre Shailene e Ansel é incrível, transparecendo para os personagens, principalmente nos momentos que envolvem a doença. E os dois são incrivelmente fofos, chegam até dar nojo, como diz Isaac (Nat Wolff), amigo de Gus que também está doente, mas ainda nos estágios iniciais. Aliás, os poucos momentos que o trio passa juntos, são alguns dos melhores momentos da trama, e a forma como Gus o ajuda, tornam o personagem ainda mais apaixonante, ajudado pelo charme e bom humor de Ansel Elgort. Laura Dern tem um papel menor, mas não menos importante, e muito marcante para a história, onde vive a mãe de Hazel, que ao contrário da personagem de Cameron Diaz em Uma Prova de Amor, não é controladora ao extremo. E Willem Dafoe, que tem uma participação menor ainda, mas também marcante.

O filme de Joss Boone, e consequentemente, a obra de John Green, trazem personagens fortes, que mesmo sabendo do seu iminente destino, se mostram corajosos, alegres, fazem piadas com a própria doença, e se vitimizam. Com uma história simples, triste e direta, A Culpa é das Estrelas inova no seu inevitável “dramalhão hollywoodiano”, tem o previsível final, mas ainda consegue se diferenciar, e é quase impossível, pelo menos, não se emocionar com a história do casal desafortunado. E de praxe, o filme passa uma ótima mensagem sobre o esquecimento e a forma como marcamos as pessoas ao nosso redor, depois que partimos. Esteja com lenços no bolso, e se prepare para chorar.