Quando foi lançado o trailer de A Bruxa, ainda no ano passado, muitas expectativas surgiram em torno do que seria um dos filmes mais assustadores dos últimos anos, e com o elogio da crítica, cada vez mais era certo o poder desse filme. Para ter uma ideia, o filme foi elogiado e deixou o mestre do terror, Stephen King, realmente assustado, além dos adoradores do diabo terem dito que o filme mudaria a visão das pessoas sobre o satanismo. Envolto de polêmica, expectativas e boa crítica, o filme finalmente estreou aqui no Brasil, e realmente cumpre as expectativas, porém, tem uma difícil missão: conquistar o grande público. O filme do diretor estreante Robert Edgers tem no elenco Ralph Ineson, Kate Dickie, Anya-Taylor Joy e Harvey Scrimshaw.
O filme se passa na Inglaterra no ano de 1630, e mostra uma família religiosa que é obrigada a se mudar para uma pequena fazenda. William (Ralph Ineson), sua esposa e seus filhos vivem suas vidas, com suas crenças e ideais, quando coisas estranhas acontecem. Com membros da família desaparecendo, plantação estragando e sua fé sendo questionada, eles terão que sobreviver juntos aos poderes de uma presença maligna que vive na floresta que cerca a fazenda.
Se você procura um filme tenso, angustiante, sombrio, assustador, com uma história boa, A Bruxa será um de seus filmes preferidos. Se você prefere sustos fáceis, histórias batidas e intermináveis clichês, fique longe desse filme e vá assistir Boneco do Mal. Abordando temas como satanismo, religião e bruxaria, o filme tem uma narrativa lenta, e as cenas mais tensas demoram pra acontecer, mas prendem a sua atenção. Além disso, não é um filme de sustos ou de muito sangue, mas tem cenas fortes que mexem com o espectador (os mais sensíveis, principalmente). O suspense está ali o tempo todo, e o mistério envolve o espectador, que além do ótimo roteiro, a direção de arte ajuda bastante nisso. Os cenários escuros dentro da casa, principalmente à noite, e o campo, com uma cor acinzentada e sem vida que reflete no isolamento, ajudam a criar essa atmosfera sombria; mesmo sendo de dia, a fazenda é assustadora. Ainda, o filme foi bem fiel a época em que se passa, desde figurino e cenário até o estilo de vida.
A Bruxa é um terror psicológico e por isso não é como os outros filmes. O foco da história é a dúvida da família sobre sua religião, a fragilidade com os ensinamentos do patriarca, e as mentiras que os personagens contam. Os diálogos sobre a religião são fortes e impressionam, e as reações dos personagens nessa situação só aumenta a tensão; você torce para umas pessoas e odeia outras. As cenas macabras acontecem, e realmente são ótimas e impressionam muito também, mas aparecem de vez em quando, e isso acaba fazendo o filme perder um pouco do ritmo, mas nunca o suspense. A cena do suposto exorcismo é marcante.
Já no quesito de atuação, todos os personagens estão excelentes e contribuem para toda a tensão do filme. Anya-Taylor Joy, que interpreta Thomasin, e Harvey Scrimshaw, o filho do meio, Caleb, são os que mais se destacam, ainda mais por tudo que passam no filme. Vale destacar o casal de crianças gêmeos, irritantes o tempo todo, mas marcam presença, e o bode preto chamado Phillip, que sim, é importante para a trama. É de dar medo, realmente.
Após o término da sessão, muita gente comentava que não tinha gostado, que o filme era ruim e uma perda de tempo. O problema aqui é que as pessoas estão acostumadas com filmes mais comerciais, com sangue, violência, sustos fáceis, e quando chega um filme realmente bom, que assusta e impressiona de verdade, ninguém gosta; A Corrente do Mal, lançado em 2015, é o exemplo mais recente. A Bruxa é sim tenso, angustiante, assustador, ótimo e diferente do que estamos acostumados a assistir nos cinemas, então, tenha em mente isso tudo quando for assistir ao filme. Com cenas fortes e marcantes, e com os 15 minutos finais impressionantes, é um dos melhores filmes de suspense e terror dos últimos anos. E é bem provável que muita gente vá sair decepcionado com o filme.
A BRUXA (THE WITCH)
Ano: 2015
Direção: Robert Edgers
Elenco: Ralph Ineson, Kate Dickie, Anya-Taylor Joy e Harvey Scrimshaw.
NOTA: 9,0
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