Em março de 2020, recebemos a notícia do surgimento de um vírus altamente contagioso, a Covid-19, fazendo com que o mundo inteiro entrasse em quarentena. A pandemia acabou fechando salas de cinema, produções que estavam sendo filmadas, pararam indefinidamente, e estreias programadas para aquele ano foram adiadas, e os streamings acabaram sendo a salvação dos cinéfilos. Curiosamente, a nova produção da Netflix, A Bolha, mostra como que funcionaria os bastidores de um filme em produção durante a pandemia, aqui no caso, Feras do Abismo 6, onde os atores e produtores ficam confinados em um hotel na Inglaterra. Dirigido por Judd Apatow, a produção é uma sátira, e uma crítica, sobre a indústria do cinema, e tem no elenco David Duchovny, Leslie Mann, Karen Gillan, Kate McKinnon, e Pedro Pascal.
Massacrado pela crítica especializada, com baixa aprovação (23%) no site Rotten Tomatoes, A Bolha é um filme de humor ácido, um subgênero que o grande público não deve estar acostumado, mas é algo recorrente em Hollywood. Fazendo uma critica a hipocrisia hollywoodiana, e aos métodos de confinamento da covid-19, Judd Apatow traz um filme que beira ao ridículo, não que seja algo totalmente ruim, criando situações engraçadas, e que se repetem, tornando cansativo algumas vezes. Muitas piadas não funcionam, são forçadas, não fazem o menor sentido, e você acaba rindo por ser uma cena ridícula mesmo. E o que atrapalha um pouco é a sua longa duração: são duas horas mostrando personagens neuróticos por estarem presos em um hotel, quebrando os protocolos de confinamento, com situações absurdas e hilárias, principalmente envolvendo os dinossauros da produção de Feras do Abismo, e algumas divertidas danças de TikTok que só servem para matar o tempo. A trilha sonora é um dos destaques, trazendo musicas de artistas populares atualmente, como Doja Cat, Miley Cyrus, Iggy Azalea, Beck, e até Amy Winehouse; algumas delas são coreografadas pelos próprios personagens.
O roteiro, que também foi escrito por Apatow, não se preocupa em desenvolver os seus personagens, e não tem intenção nenhuma em fazer isso, apresentando apenas o básico de seus dramas pessoais para desenvolve-los na trama. Os personagens são uma vergonha alheia, divertem com as paranoias, os seus problemas, as histerias, o jeito cômico que muitas vezes não funciona, mas alguns realmente não tem limites, e são bastante irritantes; e tudo é de propósito, por causa do humor ácido da produção. Levaria muito tempo para falar desse elenco escandaloso, mas vale destacar Leslie Mann (a mais histérica), Karen Gillian (a melhor), e Iris Apatow, filha do diretor, que interpreta a “tiktoker” com milhões de seguidores, que faz uma hilária dança com os dinossauros.
A Bolha é um filme totalmente sem noção nenhuma, onde a graça é não ter graça, mostrando os bastidores de uma produção durante a pandemia, servindo como uma crítica a forma que Hollywood lida com os seus trabalhadores. Bagunçado e escandaloso, Judd Apatow cria situações absurdas, com personagens que beiram ao ridículo, cheio de paranoias e medos, e muitas alfinetadas, mas tudo propositalmente, só basta saber se o público irá comprar essa ideia. Há muitas cenas que poderiam ter sido cortadas, diminuindo as suas duas horas de duração desnecessárias, o que acaba deixando cansativo. No mais, matamos a curiosidade de como seria gravar um filme durante a pandemia.
A BOLHA (THE BUBBLE)
Ano: 2022
Direção: Judd Apatow
Elenco: David Duchovny, Leslie Mann, Karen Gillan, Kate McKinnon, e Pedro Pascal.
NOTA: 6,5
Disponível na NETFLIX.
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