03 Indicações ao Oscar: Melhor ATOR (Brendan Fraser), Melhor ATRIZ COADJUVANTE (Hong Chau) e Melhor MAQUIAGEM E CABELO.
Para entender um pouco sobre A Baleia, produção indicada ao Oscar esse ano, precisamos saber quem está por trás dessa obra marcante. Darren Aronofsky é um cineasta, de certa forma, polêmico, e basta mencionar alguns de seus filmes para ter certeza: Requiem Para Um Sonho (2000), Cisne Negro (2010), Noé (2014), e o controverso Mãe! (2018). Seus filmes são muitos surreais, alguns perturbadores, e a maioria já foi indicado a algum Oscar. Brendan Fraser é um ator que ficou famoso no finalzinho dos anos 90 até meados de 2010, e depois praticamente sumiu de Hollywood, fazendo filmes de menos destaque. Para quem não o conhece, o seu filme mais famoso é A Múmia (1999), enorme sucesso de bilheteria que rendeu duas continuações: O Retorno da Múmia (2001) e A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008). Aliás, antes dessa trilogia, ele fez George – O Rei da Floresta (1997).
O novo filme de Aronofsky é A Baleia, que foge um pouco das características surreais de suas obras, trazendo um poderoso e impactante drama sobre a humanidades das pessoas, e nos apresenta a história de um homem que sofre de obesidade mórbida e que tenta se reaproximar de sua filha antes que o pior aconteça. Baseado no livro “The Whale” de Samuel D. Hunter, que também escreveu o roteiro, a produção está indicada à três Oscar – Melhor Ator (Brendan Fraser), Atriz Coadjuvante (Hong Chau), e Maquiagem e Cabelo -, e ainda tem no elenco Sadie Sink, Samantha Morton e Ty Simpkins.
A Baleia é um daqueles dramas angustiantes e marcantes que mexerá com você, de alguma forma. Logo nas primeiras cenas, já conhecemos Charlie (Fraser), as suas dificuldades com a obesidade, e que o seu caso é grave. Aos poucos, o roteiro vai nos explicando os motivos que o levaram a chegar nesse ponto, sua história, seu passado, e todos os problemas que passa. A trama toda se passa em um único cenário, a casa de Charlie, um lugar que transmite uma sensação de tristeza e desesperança, um ambiente depressivo, como se o lugar representasse grande parte da vida que ele teve, parecendo que ele não quer se livrar disso tudo. Aronofsky consegue representar muito bem isso, junto com o detalhe de que o personagem não gosta que nenhum estranho o veja, por isso, há várias cenas de pessoas passando pela janela de sua casa, falando sempre por trás da porta, ou até as aulas online que Charlie leciona com a câmera desligada. E por mais clichê que possa ser, o diretor aproveita o tempo chuvoso para dar aquele toque ainda mais melancólico que a produção precisa, e funciona perfeitamente.
Mas The Whale, no original, é um filme sobre atuações, e obviamente, Brendan Fraser é o maior nome da produção, na melhor atuação de sua carreira. Quando o filme foi apresentado no Festival de Cannes, foi aplaudido em pé por cerca de cinco minutos, e quando o ator se levanta, foi ainda mais ovacionado, fazendo com que ele se emocionasse na frente de todo mundo. E ele merece. Fraser é um dos atores mais carismáticos de Hollywood, e finalmente teve o seu devido reconhecimento, uma segunda chance na maior indústria do cinema. Fraser é a alma de A Baleia, e o ator consegue representar todas as dificuldades do personagem de uma forma incrível, fazendo tudo parecer ainda mais real, desde as suas expressões até a forma como ele age e sente. Charlie é um ser humano puro e de bom coração que quer corrigir os erros de seu passado, principalmente com sua filha, Ellie (Sadie Sink) – ele é bom demais que até dá para duvidar que alguém seja realmente assim -, e Fraser consegue nos fazer acreditar que o personagem tem bondade e um bom coração. Ele vê o bem nas outras pessoas, mas não consegue ver para si mesmo, sempre lembrando das suas escolhas no passado.
Enquanto entendemos a vida de Charlie e as suas dificuldades, o roteiro nos apresenta outros personagens que fazem parte da vida dele. Primeiro, conhecemos a enfermeira Liz (Hong Chao), indicada ao Oscar de atriz coadjuvante, que sempre esteve do lado de seu amigo, ajudando-o antes de começar o seu plantão noturno. Não há muita explicação de como se tornaram amigos, e é a personagem menos desenvolvida, mas é tão humana quanto Charlie, mesmo com algumas atitudes antiéticas em relação a sua alimentação. Depois surge Ellie (Sadie Sink, de Stranger Things), a filha adolescente revoltada e violenta que demonstra rancor em relação ao seu pai, mesmo vendo o seu estado. Nesse núcleo, o roteiro é mais trabalhado, e o resultado das escolhas do passado ressurgem, resultando em momentos complexos e bastante emotivos. Ainda nesse núcleo, conhecemos a mãe de Ellie, em uma ótima intepretação de Samantha Morton, que aparece em uma única longa cena, mas o suficiente para deixar tudo ainda mais complexo e difícil de digerir os acontecimentos. E por fim, Ty Simpskin, de Jurasssic World, é o missionário Thomas, personagem que não faz parte do passado de Charlie, mas não menos importante para a trama, dizendo que não foi por acaso o encontro deles.
Comovente, impactante, angustiante e verdadeiro, A Baleia é um filme que facilmente vai mexer com os seus sentimentos, seja pela sua triste história, ou pela poderosa atuação de Brendan Fraser, que fará você sentir arrepios no corpo todo, e se emocionar em diversos momentos. O ator consegue demonstrar toda a pureza, a bondade, e os problemas da obesidade do personagem de uma forma tão real que nos toca profundamente, e a forte e impactante cena final é o maior exemplo disso; com certeza você vai se emocionar com esse desfecho. A Baleia não é um filme fácil de assistir, não por ser entediante, mas sim por ter uma trama forte e pesada, que está fora da zona de conforto do público em geral; é um soco no estômago. Mas não é por menos: Darren Aronofsky é o nome responsável por essa produção.
A BALEIA (THE WHALE)
Ano: 2023
Direção: Darren Aronofsky
Duração: 1h57min
Elenco: Brendan Fraser, Sadie Sink, Samantha Morton e Ty Simpkins
NOTA: 9,5
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