CRÍTICA | A 5ª ONDA

Uma onda de adaptações infanto-juvenis atingiu os cinemas americanos nos últimos dez anos: Crepúsculo, Jogos Vorazes, Divergente, Maze Runner, A Hospedeira, Os Instrumentos Mortais, todos vindos de sucessos literários. Uma regra básica para todos os filmes, e livros, é que um(a) jovem protagonista que é a salvação para um mundo ameaçador. A mais recente adaptação é A Quinta Onda, estrelado pela atriz mirim do momento, Chloe-Grace Moretz e Nick Robinson (Jurassic World). Com uma trama de invasão alienígena bem interessante, e um elenco juvenil pronto para acabar com a ameaça, A Quinta Onda tem a difícil missão de conquistar um espaço entre as inúmeras adaptações. Ainda no elenco estão Liev Schreiber, Alex Roe, Ron Livingston e Zachary Arthur.

Alienígenas invadem a Terra com a intenção de acabar com os seres humanos, através de quatro ataques simultâneos, as "ondas". Os poucos sobreviventes, crianças e adolescentes principalmente, são resgatados pelo exército e são treinados para lutar contra os seres alienígenas, antes que eles iniciem o último ataque, a quinta onda. Ao mesmo tempo, Cassie (Moretz) tem que ir até a base do exército americano para resgatar o seu irmão.

A produção não foi bem recebida pelos críticos e nem muito pelo público, se tornando, provavelmente, já que se torna um drama adolescente, mais do mesmo, e sem muita novidade. A diferença aqui é que são alienígenas invadindo a Terra, como Independence Day, junto com destruições massivas, que lembram 2012 e Contágio, que são duas das cinco ondas). Mas essa diferença é interessante, e para a proposta do filme ficou ótima. O romance está lá, o provável futuro triangulo amoroso também, jovens treinando para o combate e a promessa para acabar com a raça alienígena. Esqueci de algo? Ah, sim! Alguns clichês e situações previsíveis. Por esse lado todo, sim é ruim, mas ignorando isso tudo, A Quinta Onda prende a sua atenção em uma trama muito interessante, com uma reviravolta no final e um pouco de emoção. A forma como os alienígenas são representados, e como eles invadem a Terra, é digna de um bom filme de ficção, mas o enredo não coopera.

Chloe-Grace Moretz é uma nova promessa no cinema atual, e veremos muito de sua atuação ainda (ela estará no elenco de Vizinhos 2, que estreia em junho desse ano), e em A Quinta Onda ela está determinada e valente ao enfrentar os perigos, ainda que sua personagem seja tão limitada apenas ao seu romance com Evan (Alex Roe), misterioso e cheio de segredos, e o seu "crush" de colégio Ben Parish (Nick Robinson), com um ar vago e muito sério, mas que se mostra confiante ao se tornar um soldado do exército. Triangulo amoroso em filmes juvenis, apesar de ser necessário, já está muito clichê e repetitivo: Bella, Jacob e Edward; Katniss, Peeta e Gale. Parece que Hollywood insiste que o filme só irá fazer sucesso se houver um romance entre os protagonistas para chamar o público jovem. Se a trama não focasse tanto nisso, teria um público maior até, e não só os jovens, já que a história tem uma proposta muito interessante sobre invasão alienígena.

A Quinta Onda é intrigante e faz você entrar na história, mas acaba se tornando repetitivo, como se pegasse elementos de outras séries juvenis, mudando pouca coisa e inserindo uma nova história para criar uma saga para o público. Emociona, tem suspense, reviravoltas, introduz muito bem a nova série, mas não foi o suficiente para se tornar uma nova febre adolescente. E aí está um dos erros do filme: ser tonar somente uma série adolescente, fazendo com que o público maior não se interesse. Deu certo com Crepúsculo? Sim, deu. E deu mais certo com Jogos Vorazes, já que esse não focava somente no triangulo amoroso, e sim num contexto político muito maior. Uma pena, já que a série tem uma excelente proposta, mas é mal aproveitada ao seguir, descaradamente, a linha dos filmes juvenis, contrário do que acontece no livro. E o final, obviamente, deixa para uma continuação, que será difícil devido a bilheteria do filme. A Quinta onda é o primeiro livro de uma trilogia: o segundo se chama Mar Infinito, e o último, que ainda não foi lançado, será A última Estrela.