CRÍTICA | 65 : AMEAÇA PRE-HISTÓRICA

O gênero da ficção é bastante amplo, onde é possível criar várias histórias originais sobre viagens no tempo, seres de outros planetas, lugares futurísticos, e muito mais. 65 – Ameaça Pré-Histórica tem uma premissa original muito interessante: há 65 milhões de anos atrás, um viajante de outro planeta acabou caindo na Terra na época em que os dinossauros estavam vagando pelo planeta. Ele foi o único sobrevivente de uma missão espacial, junto com uma garotinha, e além de enfrentarem os temidos dinossauros, eles precisam fugir da Terra antes que um asteroide caia, destruindo toda a vida no planeta – sim, é o mesmo asteroide que matou os dinossauros -. Dirigido e roteirizado por Scott Beck e Bryan Woods, 65 – Ameaça Pré-Histórica tinha tudo para ser um dos filmes mais legais do ano, mas acaba decepcionando pelo roteiro mal desenvolvido, e a falta de mais dinossauros. Adam Driver e Ariana Greenblatt estrelam a produção.

65: Ameaça Pré-Histórica é a clássica aventura de sobrevivência em um ambiente hostil, misturando viajem espacial e dinossauros em um filme divertido e interessante, à primeira vista. Dinossauros sempre atraiu um grande público para os cinemas, e foi com o primeiro Jurassic Park que a paixão por esses animais renasceu. Ainda que o primeiro filme seja perfeito em todos os sentidos, faltou mais dinossauros em tela, e a mesma coisa acontece com 65 – Ameaça Pré-Histórica, 30 anos depois. Tem sim dinossauros, mas eles aparecem muito pouco, e poderia ter mais sequencias de ação. Pelo menos, o CGI dos bichos é bem-feito e impressionam pelo realismo, dentro do orçamento, claro, e são tão bons quanto os de Jurassic World. Porém, as cenas com o (que parece ser) T-Rex, acontecem a noite, atrapalhando a percepção do público do que está acontecendo. Já a trama é meia boca, tem muitos clichês e é bem básica – os personagens têm que ir de um lugar para o outro com perigos ao redor -, é lenta demais, tem alguns furos, e muitos temas são abordados de forma rasa e sem muita explicação, mas empolga em certos momentos (os poucos onde aparecem os dinossauros) e tem detalhes interessantes sobre eventos importantes, viagem espacial e outros planetas.

Adam Driver (Miles) e Ariana Greenblatt (a garotinha Koa) são os únicos protagonistas e estão em tela o filme todo. Ambos não falam a mesma língua, e além de tentar entender o que cada um diz, a dupla precisa confiar um ao outro e tentar sobreviver juntos. Felizmente, o roteiro desenvolve bem o drama deles – Miles deixou sua filha e esposa no seu planeta natal, e Koa perdeu os seus pais no acidente -, e ambos conseguem ter uma boa sintonia em cena, implicando um com o outro na tentativa de cativar o público. O roteiro também tenta criar uma ligação com os dois personagens através dos seus dramas que no fim se completam, como se fossem pai e filha, mas a sua curta duração não facilita tanto essa construção.

65: Ameaça Pré-Histórica é muito previsível, tem poucas cenas de ação com os dinossauros, e apesar de ter uma premissa muito interessante – e que poderia entregar um desfecho no estilo Planeta dos Macacos -, acaba não se desenvolvendo adequadamente, frustrando o espectador que esperava uma empolgante aventura com dinossauros. Essa mistura de tecnologia (futuro) com os animais pré-históricos (passado) também é interessante, mas acaba sendo apenas um detalhe para situar o espectador da época que a trama se passa. Poderia ter mais emoção, situações tensas e uma imersão maior, mas 65 consegue entreter o espectador, é dinâmico e vai direto ao ponto, sem enrolar muito. E nem tem como, já que a produção dura pouco mais de 1h30min. Scott Beck e Bryan Woods tinham uma ótima ideia em mãos, ainda mais pelo “plot twist” na escala temporal, mas o seu mal desenvolvimento, a trama básica, e o amontoado de clichês, coloca tudo a perder. Se apenas tivesse mais sequencias com os dinossauros...