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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | 007 - SEM TEMPO PARA MORRER

Atualizado: 1 de abr. de 2022




02 Indicações ao Oscar: 2022

Vencedor do Oscar MELHOR CANÇÃO (No Time To Die - Billie Eilish).



Todo ciclo tem um fim; toda era tem um final. E com os filmes do agente britânico 007, foi sempre assim. Sean Connery fez a estreia do agente secreto no cinema, com O Satânico Dr. No, em 1962. Sua era teve seis filmes; cinco antes de passar o personagem para George Lazenby, que o interpretou apenas uma vez, e Connery retornou para o seguinte, Os Diamantes São Eternos. Depois, foi a vez de Roger Moore, que viveu o agente em sete filmes, e ficou tão famoso quanto Connery. Ele passou o legado para Thimothy Dalton, com dois filmes apenas, e por fim, foi a vez de Pierce Brosnan viver o agente britânico em quatro produções.


Em 2006, se iniciava a era mais recente de Bond, Cassino Royale, com Daniel Craig, trazendo uma grande diferença entre todos os outros agentes: o sentimentalismo. Em seu primeiro filme, isso ficou muito evidente em sua relação com Vesper (Eva Green), acabou “quebrando a cara” como qualquer um, e com o final trágico que todos sabemos. Ainda que evitava algo “mais sério”, era vivível que esse novo 007 tinha sentimentos que deixavam transparecer. Daniel Craig interpretou o agente britânico mais quatro vezes: em Quantun Of Solace (o mais fraco dessa era), Operação Skyfall (considerado o melhor), Contra Spectre (dividiu opiniões, mas ainda é ótimo), e por fim, Sem Tempo Para Morrer, que era para ter estreado em novembro de 2019, mas foi adiado para 2020. Porém, veio a pandemia do corona vírus, e acabou sendo adiado indefinidamente, assim como várias produções, e finalmente, estreou em setembro desse ano. E a espera valeu a pena: ainda que tenha algumas falhas, é um dos melhores filmes da franquia 007, e um dos melhores da era Craig, empatando com Skyfall. Sem Tempo Para Morrer, marca o fim da era de Daniel Craig, em sua última participação como James Bond.


Na trama, Bond acabou “se aposentando” do serviço secreto, mas se vê obrigado a retornar aos trabalhos quando um vilão, Safin (Rami Malek), sequestra um cientista para ajuda-lo a fabricar uma arma química que poderá dizimar metade da humanidade.



Sem Tempo Para Morrer, é o filme mais longo da franquia 007, com mais de 2h40min de duração, e o mais grandioso da era Craig. Para assistir esse novo capitulo, seria bom assistir todos os outros quatro filmes do ator, principalmente Spectre, ou então, saber a história de alguns personagens importantes, como Vesper, de Cassino Royale, Ernst Stavro Blofeld (Christoph Waltz) e Madeline (Léa Seydoux), ambos de Spectre. Outro elemento que diferenciava dos outros filmes da franquia, é a ligação que a era Craig tinha entre si: todos estavam conectados. E em Sem Tempo Para Morrer, é a mesma coisa.


As cenas de ação são mais intensas e grandiosas, tem bastante suspense, intrigas, segredos e reviravoltas, mas não são tão bem conduzidas como em Skyfall, por exemplo. O romance entre Bond e Madeline ganha mais ênfase, que torna a produção bastante sentimental, outro fator que se diferencia de todos os filmes do agente. A trama de ameaça global se aproxima dos filmes mais antigos de Bond, algo que era bastante recorrente, e que não tínhamos visto ainda na era de Craig, e o ato final é uma singela homenagem ao primeiro filme, O Satânico Dr. No. O roteiro de No Time To Die, no original, acerta em desenvolver, e dar um fim, à história de Bond, assim como o relacionamento com Madeline, mas falha nesse quesito em relação ao vilão Safin: pouco sabemos sobre sua origem, e o que o levou a se tornar o vilão, e com as suas quase três horas de duração, poderiam ter explorado mais, deixando tudo muito vago. Há também os sempre tradicionais, e bem-vindos, clichês da franquia: um “Dry Martini” antes das sequências de ação, armas de alta tecnologia, as “engenhocas” criadas por Q, e os carros clássicos dirigidos por Bond. Sim, temos um Aston Martin à prova de balas.


Daniel Craig é um dos melhores atores que interpretou o agente britânico James Bond, se igualando a Sean Connery e Timothy Dalton, mas cada um com sua personalidade individual. Como disse anteriormente, o Bond de Craig é o mais sentimental de todos os agentes, e o ator conseguiu dosar perfeitamente com as características mais frias do personagem. Sua trajetória foi a que mais trabalhou no seu lado emotivo, e a sua despedida não tinha como ser diferente. Personagem recorrente na franquia 007, é a Bond Girl, a companheira do agente em suas missões. Em Sem Tempo Para Morrer, confesso que fiquei meio confuso em qual atriz seria, e temos duas opções: Ana de Armas, que interpreta a agente Paloma na sequência em Cuba, teve uma breve participação, mas marcante, ao lado de James Bond, e é uma das personagens que deveria ter um futuro na franquia, e a atriz Lashana Lynch, que “assume” o posto de agente 007 de Daniel Craig, mostrando uma grande habilidade nas sequencias de ação, e que teve mais tempo em cena junto com Bond.



O antagonista da vez é Safin, interpretado por Rami Malek, que faz um vilão “clássico” de James Bond, desajeitado, “cartunesco”, e com um desejo de vingança relacionado ao seu passado traumatizado, envolvendo abandono e rejeição. Malik traz uma personalidade caótica e destrutiva, com intenções globais, junto com a calma e sutileza, a Safin, deixando-o ameaçador. Com disse antes, poderiam ter explorado mais seu passado, mas o que temos já está suficiente para criar essa personalidade misteriosa. Léa Seydoux retorna como Madeline, que foi a Bond Girl em Spectre, e aqui, é o foco central da trama, ao lado de James Bond, responsável pelos momentos mais sentimentais. Ralph Fiennes (o chefe do serviço britânico M), Naomi Harris (Moneypenny), Rory Kinnear (Bill Tanner) e Ben Wishaw (Q), aliados a Bond, retornam aos seus papeis, assim como Blofeld, o vilão de Spectre, trazendo de volta o consagrado ator Christoph Waltz, com um papel bem menor, mas muito importante, e ainda mais interessante, em apenas uma cena, do que durante o filme anterior todo.


Sem Tempo Para Morrer fecha a era de Daniel Craig da melhor forma possível, com bastante emoção e sentimentalismo, que pode parecer estranho em filmes de espiões, mas foi esse o principal elemento que marcou essa nova fase do agente britânico. Mesmo com problemas no roteiro, e no seu desenvolvimento, e suas quase três horas de duração, que poderiam ser menos, No Time To Die tem ótimas sequências de ação, tem mistérios, empolga, apresenta personagens marcantes, além de trazer o longo terceiro ato em uma ilha misteriosa, referência ao primeiro filme da franquia, e é de longe, a melhor parte do filme, e provavelmente de toda essa nova era. O fim do ciclo de Daniel Craig, e seu James Bond, é o mais marcante de toda a franquia, e pode não cair nenhuma lágrima do seu rosto, mas é emocionante o suficiente para, pelo menos, se arrepiar. Resta agora esperar o anúncio do próximo ator que interpretará o agente secreto britânico mais famoso do cinema. “James Bond retornará”.




007 - SEM TEMPO PARA MORRER (OO7 - NO TIME DO DIE)


Ano: 2021

Direção: Cary Fukunaga

Elenco: Daniel Craig, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Rami Malek, Naomi Harris, Ben Wishaw, Christoph Waltz, Lashana Lynch, Rory Kinnear, Ana de Armas.



NOTA: 9,0

















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