CRÍTICA | CRUELLA

Vencedor de 01 Oscar: Melhor Figurino.

Muita gente ficou com o pé atrás quando a Disney anunciou que a icônica personagem Cruella, dos 101 Dálmatas, ganharia sua história de origem em um live-action. Desde que decidiu transformar seus desenhos e animações em realidade, o estúdio foi muito criticado por copiar passo a passo o original, com algumas poucas mudanças no enredo. Malévola, a história de origem da fada malvada da Bela Adormecida, também foi criticada por deixa-la mais “boazinha”; e esse era o maior medo em relação ao live-action da Cruella. Com uma estreia simultânea nos cinemas e no Disney+, podemos respirar aliviados: Cruella de Vill continua malvada e psicótica, em uma das melhores adaptações do estúdio. Emma Stone brilha no papel da protagonista, e ainda estão no elenco Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Mark Strong, John McCrea e Kirby-Howell Baptiste.

A trama começa ainda quando Cruella (Emma Stone), conhecida como Estella, era uma criança, e continua até ela se tornar uma grande estilista, além de conhecermos Jasper (Joel Fery) e Horacio (Paul Walter Hauser), seus parceiros de crime. Mas o foco principal é o embate entre Cruella e a Baronesa, interpretada pela maravilhosa Emma Thompson, e é o que mais movimenta a trama, criando situações divertidas que cada vez mais envolvem o público. É aí que entra o ótimo trabalho de figurino da produção, criados por Jenny Beavan: cada roupa é quase que uma obra de arte, com os mais diversos tipos de vestidos, representando bem a época em que o filme se passa, nos anos 70, quebrando paradigmas e preconceitos. Ainda na parte técnica, a direção de arte consegue recriar a cidade de Londres dos anos 70 perfeitamente, com cores menos vivas, dando um tom mais sombrio, basicamente refletindo a personalidade de Cruella. A trilha sonora é outro destaque, com as clássicas músicas da época, mas algumas são jogadas na trama sem fazer muito sentido.

Entre vinganças, trilhas sonoras, e figurinos estilosos, o maior brilho da produção é Emma Stone e sua icônica Cruella. A atriz está perfeita no papel da protagonista, trazendo vigor e novidade para a personagem sem desmerecer o excelente trabalho de Glen Close, no live-action de 1996. Stone se diverte com toda a confusão que Cruella faz, criando uma vilã adorada por todos e que ganha o espectador na hora, mostrando perfeitamente a dualidade entre Estella e Cruella. E mesmo com uma história de vida difícil, e com um leve toque de humildade, a personagem continua malvada e com seu jeito psicótico de ser. Merece destaque aqui, a jovem atriz Tipper Seifert-Cleveland, que interpreta a protagonista na infância, uma majestosa atuação que nos cativa logo de cara.

Emma Thompson é a Baronesa, a verdadeira vilã da produção, impecável e deliciosamente mais malvada que Cruella, a atriz incorpora muito bem o jeito superior da personagem, e é interessante ver sua relação com Cruella/ Estella, algo muito parecido com Meryl Streep e Anne Hathaway em O Diabo Veste Prada; as duas personagens são essenciais uma para a outra. Os famosos capangas de Cruella De Vill, Jasper e Horacio, também estão presentes, interpretados por Joel Fry e Paul Walter Hauser, respectivamente, extremamente carismáticos e divertidos, mas também malvados, com uma ótima sintonia dos atores com Emma Stone.

Dirigido por Craig Gillespie, a adaptação de Cruella é um dos melhores live-action da Disney, criando uma história de vingança bem desenvolvida, divertida, contagiante, e repleta de reviravoltas. Tem todos os elementos e personagens do clássico desenho, incluindo os dálmatas, além de fazer uma conexão com a animação e o live-action, no caso. Acerta em não tornar a vilã boazinha e em criar uma história original, mantendo todo o universo da história, onde o único erro são algumas cenas desnecessárias, o que diminuiria as mais de duas horas de duração. Há muito espaço para Cruella de Vill, suas maldades, seus icônicos vestidos, e claro, os seus dálmatas favoritos.